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Lc 18, 9-14

9Jesus lhes disse ainda esta parábola a respeito de alguns que se vangloriavam como se fossem justos, e desprezavam os outros:

10Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano.

11O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali.

12Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros.

13O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!

14Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.


HOMILIA 30° DOMINGO DO TEMPO COMUM 22/10/2016

                  “A prece do humilde atravessa as nuvens: enquanto não chegar não terá repouso; e não descansará até que o Altíssimo intervenha, faça justiça aos justos e execute o julgamento.”

                   Estes dois versículos que acabamos de ouvir fazem parte da liturgia de hoje, primeira leitura do Livro do Eclesiástico. Logo percebemos o tema central que continua a desenvolver o evangelista neste final de semana, a oração.

                   Se na semana passada fomos estimulados a persistirmos na presença de Deus, sabendo que Ele atende no real momento aquilo que precisamos, hoje, somos levados a continuar em prece. Mas com toda a humildade de coração e, o humilde que busca realmente uma relação próxima com Deus, um modo de justificar-se, encontrará esta justificação seguindo o que viveu este cobrador de impostos.

                    A parábola contada por Jesus é bem clara para nós: dois homens estavam no templo, um deles fariseu e outro cobrador de impostos, um encontra justificação de Deus e outro não. E poderíamos nos perguntar: Por que o fariseu não saiu do Templo de Deus justificado? Porque no seu coração não houve lugar para que Deus pudesse habitar! Poderíamos perguntar: Mas ele estava no Templo para rezar a Deus? Este é um grande sinal! Pode ser que muitas vezes estejamos até procurando a Deus e até o façamos, para que, na verdade, muito do nosso orgulho possa aparecer. É impressionante o que aparece nesta oração do fariseu: “Eu te agradeço porque não sou como os outros...” Olha só o que os outros são: “... ladrões, desonestos, adúlteros, eu não sou nem cobrador de impostos, faço tudo que Deus quer, jejuo duas vezes por semana, pago até o dízimo.” E na verdade, este não encontrou a justificação, porque estava simplesmente cumprindo ordens.

                   Vejam: não significa que não tenhamos mandamentos a seguir, que a nossa pertença a Deus nos distancie dele, mas precisamos, para ser justificados e encontrarmos a justiça de Deus, ter um coração humilde. E como é este coração humilde? É aquele capaz de reconhecer em primeiro lugar a grandeza de Deus!

                   Neste Santuário, verdadeiramente, podemos perceber a grandeza de Deus. Há muitas Igrejas em que podemos fazer isso, há o exemplo inclusive, do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Quando entramos naquela basílica, experimentamos o quanto Deus é grande e, o quanto precisamos nos rebaixar, nos humilhar, para que Deus possa habitar em nós.

                   Sabem que é assim que Deus conta com o nosso coração. No coração do orgulhoso Deus não habita, Ele não pode habitar, porque mesmo que o orgulhoso faça tudo e cumpra todos os mandamentos, não há lugar para o “humilhar-se”. Sabem qual é a verdadeira humilhação: a de um Deus que é grande em tudo, mas se fez pequeno para habitar no meio de nós.

                   Talvez alguns de vocês já fizeram esta experiência visitando a Terra Santa. Eu já estive lá, uma vez, e, quando visitei o lugar onde nasceu o próprio Cristo (hoje uma Basílica construída sobre a gruta de Belém), precisei me rebaixar. Mesmo para os pequenos, precisa abaixar a cabeça para poder entrar na Basílica. Pra mim isto já é um sinal, ou seja para realmente encontrarmos Deus é preciso humilhar-se. E foi assim que Deus o fez, Ele humilhou-se por todos nós, tornou-se pequeno como nós, tornou-se ser humano como nós, em tudo semelhante a nós, exceto no pecado. E quando Deus encarnou-se, foi para mostrar que mesmo em meio a nossa natureza propensa para o pecado, quando nos humilhamos, nos rebaixamos, é aí que somos elevados.

                    Dizem os estudiosos, que o lugar onde Jesus nasceu é o lugar mais baixo da face da terra. Justamente para mostrar o rebaixar-se de Deus por nós.

                    Mas por que muitas vezes fazemos como este fariseu, nos afastamos de Deus já achando que fizemos um caminho de perfeição! Vejam, o livro do Eclesiástico nos diz: “A prece que alcança realmente os céus é a prece do humilde, que reconhece a grandeza de Deus e reconhece que é pequeno.”

                     Façamos esta experiência, da nossa pequenez, pois somos pequenos, somos frágeis, somos pecadores, necessitamos da misericórdia do Senhor. E Ele verdadeiramente nos justificará, nos dará a justiça verdadeira se encontrar um coração humilhado.

                     Que consciência teve São Paulo deste coração humilhado. Partimos para a segunda leitura e conclusão desta reflexão. A segunda leitura de hoje, apresenta um testamento de São Paulo, quase as últimas palavras dele, que nos diz: “Quanto a mim, eu já estou para ser oferecido em sacrifício, aproxima-se o momento em que vou partir. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a Fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça”. Na verdade é a coroa do justo, mas que ele sabe que só virá de um único Deus, do Justo Juiz. “Ele me dará não só a mim, mas Ele dará também para todos aqueles que esperam com amor a vinda gloriosa de Cristo.”

                     O testamento de São Paulo torna-se o elemento, fundamental para compreendermos o que ele vem a nos dizer. Também nós queremos a coroa da justiça, nós desejamos isso no fundo do coração. São Paulo diz: “Para mim está reservada”, na verdade, “fiz o que tinha que fazer, combati o bom combate da minha Fé...”

                     Portanto, entremos no espírito de oração nesta luta constante, sabendo que a coroa da justiça do Cristo encarnado, tornou-se inclusive para nós, o Cristo imolado e ressuscitado. O Cristo morto, padeceu por nós a morte e nos glorificou; ressuscitou e tornou-se para nós o Sinal de Salvação.

                     Que o exemplo destas leituras, elevem nosso coração às alturas, de modo a continuarmos a cultivar a nossa vida de fé, por meio de um coração que realmente se humilha.

 

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 19:00h do dia 2210/2016. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original

Escrito por: Pe. Maurício