HOMILIA DO 1° DOMINGO DO ADVENTO 27/11/2016

                  Ao iniciarmos um novo tempo na Liturgia, torna-se necessário nos situarmos propriamente neste tempo, depois mergulharmos profundamente no mistério da Palavra deste primeiro domingo e, em seguida, quem sabe também mergulharmos de uma maneira profunda em uma das catequeses mais antigas do tempo do Advento, a de São Cirilo de Jerusalém. Eis o caminho que iremos percorrer neste momento de reflexão da Palavra de Deus.

                 Em primeiro lugar o Advento que celebramos significa a chegada do próprio Cristo e tem em vista uma dúplice característica. O tempo do Advento não é só um tempo de preparação para o Natal em que celebramos o nascimento de Cristo, mas também é, em sua primeira parte, uma grande preparação para o segundo Advento do Senhor, sua segunda chegada entre nós. Estamos falando da parusia final, momento em que o Senhor retornará para julgar os vivos e os mortos. Nas duas primeiras semanas, esta será a temática que nos acompanhará no tempo do Advento, seja no primeira como também no segunda. A partir do domingo da alegria, o terceiro, vislumbraremos de perto e celebraremos já a alegria da chegada do Senhor entre nós, o Seu Nascimento. Por isso essa dúplice característica do Advento deve estar sempre presente na nossa Liturgia.

                 Agora, bem preparados com o sentido deste novo tempo, podemos mergulhar na Palavra de Deus. O Santo Evangelho de hoje fala a respeito da vinda do Senhor no fim dos tempos e como Ele quer nos encontrar: preparados e vigilantes! Gradativamente a Liturgia estará nos preparando para esta vinda do Senhor. Neste primeiro domingo: Vigiai; o próximo domingo com a figura e imagem de João Batista: Preparai o caminho do Senhor; no terceiro domingo: alegrai-vos, o Senhor já está perto; e no quarto domingo do Advento: acolhei como Maria a Palavra do Senhor.

                Vigiai! Diz o Senhor e estai com o coração voltado para a vinda Dele no fim dos tempos. Significa que nós, cristãos peregrinos neste mundo, precisamos ter bem presente este ensinamento de Fé e estarmos a todo momento preparados, não só na Liturgia que celebramos, quem dera que o Senhor nos encontrasse agora e viesse no fim dos tempos, nos encontraria aqui, vigilantes e em oração. Mas hoje poderíamos nos perguntar: e se o Senhor voltar de madrugada? Durante esta semana, como nos encontraria? Na lógica de Deus, a Salvação trata-se da prática da Misericórdia Dele, mas também da prática da justiça. Se dois homens estarão trabalhando, ou duas mulheres estarão trabalhando, o Senhor recolherá e salvará a um. Portanto, o caminho da porta estreita para nós, é um caminho também que passamos neste tempo do Advento.

               Vejam, que este é o tempo favorável, a carta de São Paulo aos Romanos fala que, já sabemos que este é o tempo. E é hora de despertarmos para este tempo na Liturgia, não deixarmos para depois, é hora de despertar, a Salvação está perto de nós. A noite vai adiantada, o dia vem chegando, vamos deixar tudo de lado, ações das trevas, e nos vestir desta Luz, a Luz de uma Vela, tão simples, mas tão significativa.

               A cada semana acenderemos uma vela desta coroa, uma coroa com ramos verdes, a nossa vida envolvida pelo mistério da presença do Cristo neste laço que aqui foi feito também, laço vermelho, a humanidade e a divindade do Cristo invadindo também a nossa vida. E como na primeira leitura de hoje o convite do Profeta Isaías, que também é um personagem importante neste tempo do Advento “Deixemo-nos guiar pela Luz do Senhor”. É a única Luz, a Luz de Cristo, a Luz dAquele que vem ao nosso encontro.

               Partindo para a conclusão desta homilia, ou desta reflexão, tomamos agora um texto do século IV da nossa era cristã, de São Cirilo de Jerusalém, e ele nos fala o seguinte a respeito das duas vindas o próprio Cristo.

               Diz São Cirilo: ´”Nós anunciamos a vinda de Cristo, não só a primeira, mas a segunda, muito mais gloriosa que a primeira. Pois a primeira, Ele revestiu-se de um aspecto de sofrimento. Mas a segunda, Ele manifestará a Coroa da Realeza Divina”.

                Aqui podemos até adentrar um pouco melhor nesta catequese, prestando bem atenção no prefácio da Missa de hoje - O prefácio é aquele momento que o Padre reza antes de invocar todos os anjos e santos -. O primeiro prefácio do Advento diz o seguinte: “O Senhor veio à primeira vez revestido da nossa fragilidade. E o Senhor voltará a segunda vez revestido da Sua Glória”.

                Assim nos diz São Cirilo. “Tudo que concerne ao Nosso Senhor Jesus Cristo, tem quase sempre uma dupla dimensão. Houve um duplo nascimento! Primeiro Ele nasceu de Deus, antes de todos os séculos; depois Ele nasceu de Maria, na plenitude dos tempos. Houve também uma dupla descida, uma discreta como a chuva sobre a relva; outra no esplendor que se realizará no futuro. Na primeira vinda do Cristo, Ele foi envolto em faixas e foi reclinado num presépio; na segunda, ele será revestido num manto de luz. Na primeira o Cristo suportou a Cruz; na segunda Ele virá cheio de glória, cercado de anjos e santos”.

               Não nos detemos, portanto, no tempo do Advento somente na primeira vinda, mas esta primeira parte do Advento quer nos ajudar a esperarmos ansiosamente a segunda vinda do Senhor. E assim, como dissemos na primeira vez: “Bendito o que vem em nome do Senhor!” Aclamaremos de novo, na segunda vinda do Senhor, quando formos com os anjos ao seu encontro para adorá-Lo, “Bendito é aquele que vem em nome do Senhor”.

               Que todo sentido desta Liturgia nos remeta, inclusive, para aprofundarmos o Advento do Senhor e, ao repetirmos “Vinde Senhor, Jesus” na própria Liturgia Eucarística, e no dia a dia, nos convençamos de que a vinda do Senhor se dará a qualquer momento. E Ele quer nos encontrar, principalmente nesta semana, vigilantes e em oração.

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 19:00h do dia 27/11/2016. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original

Escrito por: Pe. Maurício