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Jo 14,15-21

15Se me amais, guardareis os meus mandamentos.

16E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco.

17É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.

18Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós.

19Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a ver, porque eu vivo e vós vivereis.

20Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós.

21Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele.


HOMILIA NO 6° DOMINGO DE PÁSCOA

Desde a última segunda-feira, inauguramos na liturgia um tema muito especial, dando referência sobre a missão do Espírito Santo. Neste final de semana, VI domingo da páscoa, entramos em um espírito maior e aprofundamos tudo o que, de fato, foi revelado a nós, especialmente em preparação imediata para a grande solenidade de pentecostes.

Semana que vem estaremos celebrando a Ascenção do Senhor e, no outro domingo, coroaremos o tempo pascal com o momento em que vivemos 50 dias depois da páscoa, solenidade de Pentecostes. Como compreender, por meio da palavra, este espírito que nos habita no momento do batismo e que suscita em nós sempre a espera por algo melhor. A resposta para esta questão se encontra estampada nas leituras de hoje.

O tema aparece em cada uma delas e começamos a falar por meio do santo evangelho, pois é neste anúncio da boa notícia que encontramos a temática deste final de semana. O discurso do amor, assim conhecido no evangelho de São João, chega ao momento em que Jesus fala desta escolha, na vivência do amor, coloca até uma condicional, aqueles que, de fato, estavam caminhando com ele, os seus discípulos.

“Se me amais, guardareis os meus mandamentos”. Poderia haver uma tradução para “guardarei o meu mandamento”, por que o próprio Jesus identificou o mandamento do amor, mas não se esqueceu de olhar para o outro, que também está peregrinando neste mundo. Eis um modo muito próprio de pertencermos ao Espírito Santo e o Espírito Santo habitar em nós, viver o mandamento do amor.

Se me amais guardarei meu mandamento e, continua Jesus: “e eu rogarei ao Pai, ele lhe dará outro defensor”. É a certeza dada por Jesus de que Ele não nos abandona, Ele nos mandará outro defensor, é assim que São João chama o Espírito Santo, o paráclito, ou o Espírito da verdade, o consolador, aquele que vem entre nós para devolver uma pertença maior àquele que nos criou, o Espírito da verdade.

E o que São João fala, ele nos defende, nos consola, está sempre conosco, é por meio deste Espírito que Jesus fala aos seus discípulos, em tom de despedida, que não os abandonaria. A mesma resposta dada aos discípulos também nos está sendo dada, no tempo em que estamos vivendo o Senhor não nos abandona, Ele já enviou o Espírito Santo sobre seus discípulos e continua enviando sobre nós os dons do Espírito Santo. Basta que vivessem o mandamento do amor ou, como dizemos, em uma virtude teologal, que resume todas as virtudes, vivendo a caridade.

A caridade, grande expressão do nosso amor para com o próximo, nos dá uma indicativa muito segura de que estamos vivendo segundo as noções do Espírito Santo e não segundo as nossas próprias noções. Segundo aquele que realmente nos dá a vida, a caridade, que temos como variados exemplos, naqueles que não só vivem essa virtude, mas naqueles que conhecem.

Que dádiva pertencermos à Igreja Católica que neste tempo de pandemia tem nos ajudado a prender as formas concretas de ajuda aos necessitados. Quando agimos de acordo com a caridade cristã, sem esperar nada em troca, mas ajudando aquele que precisa e que bate a nossa porta, aquele que tanto necessita, abrimos o coração para que o Espírito Santo habite.  Desta forma, se há uma condicional para os discípulos do Senhor, encontramos uma resposta muito segura naqueles discípulos no tempo atual, que abraçam a cruz de Cristo, mas abraçam também aqueles que necessitam tanto da ajuda necessária neste tempo de pandemia.

A expressão tão bonita do amor, que vivemos enquanto virtudes e que também precisa falar da fé, nesta condição, nos leva a crer no que estamos vivendo.  A Igreja de Cristo não é guiada pela força humana, se assim fosse, nem existiria mais, a Igreja é guiada pelo Espírito Santo, que estimulou no texto do ato dos apóstolos a vivência do amor, mas também da fé.

A fé que estava sendo levada para outros ambientes, também para os pagãos, no caso hoje da nossa leitura, o diácono Filipe estava indo para a região da Samaria.  A fé que Filipe teve para com o Senhor, não foi guardada num baú, e somente para si, o diácono Filipe anunciou o Cristo na resposta concreta do que é a fé.

A fé, essa condição de crermos nas realidades divinas que estão neste mundo, e anunciar aos outros essa mesma condição, de pertença a Deus.  Por isso, muitos acreditaram nas palavras de Filipe e eram libertados, os paralíticos, os aleijados eram curados, por que a força da fé cura, liberta do mal, e era grande a alegria naquela cidade.

Quero chamar a atenção, pois este é o fruto que a fé nos dá, a alegria que não passa, a alegria que era grande naquela cidade da Samaria. Quando estes estavam em Jerusalém ficaram sabendo da alegria dos seguidores na Samaria por que acolheram a palavra. Enviaram para lá também uma ajuda necessária, além de Filipe, Pedro e João, quando chegaram ali, oraram pelos habitantes. Vejam o que é impressionante, na verdade uma referência principal a instituição do sacramento da confirmação.

Joao e Pedro foram até Samaria, onde a palavra de Deus tinha sido anunciada, chegaram e oraram pelos habitantes para que recebessem o Espírito Santo, pois ainda não tinha vindo sobre eles, apenas foram batizados em nome de Jesus. Vejam que providencia até falarmos dos dons do Espírito Santo como virtude, enquanto sacramento que confirma o santo batismo. Os cristãos que ali estavam tinham sido batizados pelo Espírito Santo, mas depois chegaram os apóstolos, oraram sobre eles, impuseram-lhes as mãos. Este é o gesto que está presente no dia da confirmação, ou no crisma, pela imposição das mãos receberam o Espírito Santo.

Percebamos o que é a fé, condição que nos leva ao anúncio, comunhão com os outros que vem nos ajudar a contribuir na missão. Neste caso, a plenitude do Espírito também foi dada a João, naquela comunidade da Samaria, e a partir de então, uma comunidade espalhada pelo mundo, torna-se muito importante cultivarmos pela fé a própria condição de discípulos pelo Espírito Santo.

Estaríamos aqui no santuário, no dia de pentecostes, celebrando a vinda do Espírito Santo e confirmando a vida de muitos jovens. Devido a pandemia e a situação do tempo presente, não será possível, mas celebraremos o dia de pentecostes, invocando o Espírito Santo sobre os batizados e sobre os confirmados.  E você que está aguardando tanto esta confirmação, são mais de 20 adultos esperando, mais de 30 adoscentes e jovens aqui do santuário, aguardem sim, mas nesta espera pela fé, no momento em que voltaremos com as celebrações, teremos muito que celebrar.

Celebrando esses dons do Espírito Santo, a fé, a caridade, agora partimos para a última virtude, a esperança, também presente na primeira carta de São Pedro. Temos escutado uma leitura quase que contínua da primeira carta de São Pedro, percebamos em poucas palavras o que São Pedro está nos convidando a viver. Se, de fato, percebermos esta grandeza, estaremos resumindo o que é viver essa virtude, diz a carta: “santificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo, e estais sempre prontos a dar razão de esperança a todo aquele que vo-la pedir”.

É assim que revestimos da virtude da esperança, e nos revestimos por que cremos que Cristo é a razão da nossa esperança. Vivemos tempos complicados sim, a ausência física nas nossas comunidades é difícil. Como passar por este momento atribulado, mas para aqueles que têm fé, que agem no mundo com caridade, hoje diz São Pedro “tem esperança e esperai o tempo do Senhor, com mansidão, boa consciência, com respeito”.

Se por causa de Cristo vier difamação e sofrimento sabei que tudo isso vos conduzirá para a verdadeira identidade do cristão, é assim que cultivaremos a esperança. Que essas três virtudes presentes nas leituras que acabamos de ouvir, identifiquem a nossa vida, para que a luz do Espírito Santo nos guie, sejamos cristãos autênticos, fiéis seguidores daquele que levou até o fim a missão do Pai.

Escrito por: PE. MAURÍCIO