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Mt 18, 15-20

15Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão.

16Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas.

17Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano.

18Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu.

19Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus.

20Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.


Homilia no aniversário da Dedicação da Catedral de Curitiba

Queridos irmãos e irmãs presentes aqui no santuário e os que nos acompanham nesta transmissão.  Hoje celebramos a dedicação da nossa Igreja Catedral Basílica, Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Há 111 anos o Arcebispo da época consagrava a nossa Igreja, e esse gesto de consagrar nos remete a uma condição muito especial, lembra-nos que também somos consagrados a Deus, e somos templos vivos do Espírito Santo.

Neste sentido, compreendemos um pouco melhor no dia que celebramos a dedicação, o que significa dedicar um templo. Quando tomamos contato com a sagrada escritura temos a constituição do povo de Deus, a constituição do povo de Israel, que se deu com a construção do templo de Jerusalém, para especialmente guardar as tábuas da lei e para ser um local, um lugar, de encontro com Deus.

O primeiro Livro de Reis, hoje narra o momento em que Salomão diante de uma oração e diante do Senhor, pede em favor do povo de Israel, dizendo e reconhecendo que Deus é único e verdadeiro, que Deus é fiel e misericordioso, e que naquele lugar há a presença de Deus.

Mas é muito bonita a oração de Salomão, quando se volta a Deus e diz: ouve a oração que teu servo faz aqui, neste lugar, neste templo, ouve também neste templo, as súplicas do teu povo Israel, quando aqui orarem, escuta-os Senhor, do alto da tua morada no céu, escuta-os e perdoa! É linda essa oração do rei Salomão diante do altar do Senhor, porque nos faz lembrar qual é o sentido de celebrarmos dentro de um templo sagrado.

É claro que, no início do cristianismo, não era permitido nenhum tipo de construção, até o Edito de Milão, quando Constantino permitiu o cristianismo, não havia nenhum templo consagrado. Foram 3 séculos em que os cristãos se reuniam nas casas, como hoje, as Igrejas domésticas que acompanham nossa transmissão, como nossa família, Igreja doméstica.

Mas depois do Edito de Milão se começou a construção de templos sagrados. A primeira delas é a Catedral de Roma, São João de Latrão, a data é bem próxima deste ano de 313.  Claro que é construção sobre construção, são quantos séculos de história, 17 séculos de construção da catedral do papa.

E hoje também fazemos menção à construção da nossa Igreja catedral, por que temos um sinal visível, um templo sagrado. A construção de um templo é tão necessária quanto à construção do nosso corpo enquanto templo do Espírito Santo. A leitura que ouvimos hoje, a segunda leitura, fala também a respeito dessa construção, a Carta de São Paulo aos Coríntios diz: vós sois a construção de Deus. É claro, construir um templo sagrado é uma tarefa que, muitas vezes, atravessa séculos.

Há igrejas construídas em um tempo de mais de cem anos. O santuário talvez seja um exemplo disso, quantos anos de construção e ainda não está completamente pronto. Também podemos passar 70, 80, 90 anos neste mundo, e ainda estamos em construção, ainda estamos nos transformando, ainda estamos em restauração. Todo templo material precisa, mas, também precisamos, porque somos templos do Senhor.

“E se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo e vós sois este santuário”. Por isso, somos lembrados quando ficamos extasiados com construções belíssimas, como é o caso da Catedral de Curitiba, a reconhecer nossa pequenez. Somos tão pequenos, de baixa estatura como Zaqueu, mas Zaqueu procurava ver Jesus, também somos assim, queremos ver Jesus muitas vezes. Somos pequenos, o nosso santuário até nos lembra dessa condição, nos sentimos como uma formiga diante de Deus. Como é bom na nossa pequenez procurarmos o Senhor, e confessarmos que somos pecadores.

Zaqueu reconheceu, e naquele momento, em que esperava ver o Senhor de longe, subindo numa árvore, o Senhor foi ao encontro dele, como faz também conosco, a iniciativa é sempre de Deus, ele vai, olha para cima, vê Zaqueu e diz: desce depressa, hoje quero ficar na tua casa.

Essa casa é o coração de Zaqueu, a casa é o nosso coração, onde Deus quer habitar, onde na pequenez humana Deus quer se hospedar.  Muitos começam a murmurar contra Zaqueu: mas o Senhor nem conhece esse homem, cobrador de impostos, como é que pode se hospedar na casa de um pecador! Mas foi para isso que o Senhor veio, para estar junto dos pecadores.

 É belíssima a oração que Zaqueu faz diante do Senhor, de pé se volta e diz: Senhor, reconheço que tu és o Cristo. Zaqueu reconhece que está diante de Deus: eu dou meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver 4 vezes mais.   Além do reconhecimento da condição do pecado, coloca a mão no bolso, também mexe com a estrutura financeira. “Vou devolver aos pobres metade dos meus bens”; pois a profissão de cobrador de impostos não era tão honesta no tempo de Jesus.

E o que Jesus diz: hoje a salvação entrou nesta casa! A expressão que aparece no “hoje” é o agora, a presença plena de Deus que acontece naquele momento, hoje, agora, e para sempre, o Senhor entrou nesta casa, e como entrou na casa de Zaqueu, quer entrar no nosso coração.

Por isso, termina o evangelho: o filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido. Temos sim salvação em Cristo, embora muitas vezes nos percamos no mundo, estejamos mergulhados no pecado, não reconheçamos que somos pequenos. Mas o Senhor dá possibilidade, Ele vai ao encontro, e este encontro transforma, plenifica a história do ser humano, daquele que encontrou em Jesus sentido para a vida.

Escrito por: Pe. Maurício