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Mc 13,33-37

33Ficai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo.

34Será como um homem que, partindo em viagem, deixa a sua casa e delega sua autoridade aos seus servos, indicando o trabalho de cada um, e manda ao porteiro que vigie.

35Vigiai, pois, visto que não sabeis quando o senhor da casa voltará, se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã,

36para que, vindo de repente, não vos encontre dormindo.

37O que vos digo, digo a todos: vigiai!


Homilia no I Domingo do Advento

Caríssimos irmãos e irmãs, aqui presentes no santuário e aqueles que nos acompanham por essa transmissão. Deixando-se envolver pelo mistério que inauguramos com o ciclo do Natal, em primeiro lugar, é preciso compreender que, a partir desse final de semana, entramos em um ciclo diferente na nossa liturgia.

Chamamos de Natal porque lembramos o nascimento de Nosso Senhor e está composto por dois tempos: tempo do advento e propriamente o tempo do Natal. O ciclo do Natal começa com o primeiro domingo do Advento e termina com a festa do Batismo do Senhor. O tempo do advento começa com o primeiro domingo do Advento e termina nas vésperas de celebrarmos o natal de Jesus Cristo.

Este tempo do advento que estamos iniciando traz dúplice característica relacionada à vinda de Jesus, celebramos no tempo do advento a expectativa da segunda vinda gloriosa de Cristo. Dirá o prefácio da missa de hoje: a sua segunda vinda gloriosa será a plenitude de todo mistério da nossa salvação. E na segunda parte do tempo do advento entramos ainda mais no clima do Natal, daremos assim uma ênfase na primeira vinda de Jesus.

            O Papa Bento XVI, em uma de suas catequeses sobre esse tempo do advento, recomendou que fosse cultivada a virtude da Esperança. Como é bom pensarmos nessa virtude, especialmente num tempo novo que se abre. Neste tempo de pandemia jamais deveríamos perder a esperança, mas como deve ser vivida? Palavras do Papa Bento XVI: A esperança cristã está voltada para o futuro, ou seja, voltamos o nosso coração para a segunda vinda gloriosa do Senhor, para o julgamento final, para a parusia, para o final dos tempos. Mas não ao final dos tempos como muitas vezes imaginamos, mas na plenitude de tudo, quando o Senhor há de vir para julgar os vivos e os mortos.

            Continuemos no pensamento do Papa: então, a esperança cristã se orienta para o futuro, para sua segunda vinda gloriosa em vista do que aconteceu no passado, no mistério da encarnação de Jesus e no mistério da sua paixão, morte e ressurreição. Esempre tudo acontece no presente momento, quando se atualiza ou se renova o mistério de Cristo.

Assim, nessa perspectiva temporal, Deus está presente nos diversos momentos, no presente, no passado e no futuro. Poderíamos pensar que a própria condição de Deus na criação é uma condição de renovação. Quando Deus se revela em Jesus também olhamos para o Cristo que nos redimiu do pecado e nos renovou, e quando pensamos no futuro, na sua segunda vinda gloriosa entramos nesse clima de uma plenificação do ser humano.

            Neste primeiro domingo do Advento, com palavras muito acertadas na nossa liturgia, somos convidados a olhar para o futuro vivendo no presente, em uma perspectiva do que aconteceu no passado, especialmente com uma ação: “vigiai, diz o Senhor, ficai atentos, pois não sabeis quando o Senhor irá voltar”.

E o Evangelho faz uma comparação daquele dono da casa ou daquele que se encontra vigilante em todos os momentos. Quando ouvimos a leitura do evangelho de Marcos, existe outra condição do tempo, o Senhor nos convida a estarmos vigilantes, à tarde, à meia noite, de madrugada, ou no amanhecer. O que poderíamos guardar dessa condição do tempo? Embora muitas vezes experimentemos noites de trevas e de escuridão, ao sair desta condição saímos com o coração vigilante e esperançoso.

            Com certeza, o verbo vigiai, ou o mandato de Jesus: “vigiai”, deverá ser a grande condição da primeira semana do Advento. Cada vela acesa que nos acompanha na coroa do advento será um convite para a vigilância. E que bela resposta demos na palavra proclamada por meio do Salmo responsorial:  iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos para que sejamos salvos. É um pedido para que a luz de Deus, a luz do seu nascimento também esteja no nosso coração, porque muitas vezes experimentamos o pecado, e é nessa condição de sair do pecado, da escuridão, das trevas e da noite, que somos convidados a reconhecer nossas fragilidades.

            Há uma imagem muito preciosa da primeira leitura de hoje: “somos barro, tu, Senhor, nosso oleiro”. Somos todos obras nas mãos de Deus, e se ficarmos somente na condição do pecado e das fragilidades não nos transformaremos. Mas, à medida que nossa vida se volta para o Cristo que já veio e que virá, não seremos nós que nos moldaremos segundo o que queremos, é Cristo que nos moldará, pois todos estamos nas mãos de Deus, e é Ele que nos molda segundo o que Ele quer, para uma graça muito grande.

            Essa palavra “graça” foi retratada na primeira leitura da Carta aos Coríntios, quando São Paulo apresenta uma novidade para o povo do seu tempo.  Era muito comum uma saudação entre os judeus desejando a paz, a paz esteja convosco, no início desta primeira carta além de falar da paz, São Paulo fala de outra palavra, para vós: graça e paz! É isso que precisamos neste tempo do advento, não ficarmos na condição de fragilidade ou de noites escuras, mas, experimentarmos o dom da graça com o coração vigilante.

Especialmente nesta semana, permanecerá conosco também outras imagens que gostaria de chamar atenção no final dessa reflexão: uma imagem está no presépio preparado, bem num dos cantos, a imagem do galo. É aquele que nos desperta da noite ou está sempre vigilante, em qualquer hora da noite, a nos lembrar de que precisamos sair das negações do Senhor.

No momento que encontramos o caminho estamos experimentando a graça, o galo nos lembra daquele momento em que Pedro negou o Senhor e o galo cantou. Quantas vezes negamos a Cristo e somos despertados para esta vigilância. O galo também lembra, até virou tradição, a missa de Natal ser conhecida como a missa do galo, ou seja, daqueles que estão vigilantes e preparados para receber o Senhor que já nasceu e que virá. Essa imagem pode nos acompanhar, porque precisamos, ao sermos despertados pela fé, continuar o nosso caminho de conversão.

A outra imagem é a de São José a caminho de Belém. Ele está em vigilante e carrega consigo uma lâmpada acesa.  Daqui a pouco estará mais próximo do presépio. São José está ajudando nesse processo do acolhimento de Jesus, é a grande expressão de um coração vigilante, que se prepara para acolher o salvador.  E só terá sentido essa vigilância quando nos deixarmos moldar pela presença de Maria, esperando o Salvador. Precisamos esperar pelo Senhor!

Que estas imagens, De José e de Maria, que hoje se encontram próximas do altar, nos indiquem para onde caminhamos. Mas, que cada imagem, cada sinal do tempo do advento, seja um grande convite para cultivarmos a virtude da esperança do futuro que virá, da glória eterna. 

Escrito por: Pe. Maurício