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Jo 15, 9-17

9Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor.

10Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor.

11Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa.

12Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.

13Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.

14Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando.

15Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.

16Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.

17O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.


Homilia no VI Domingo da Páscoa

Meus queridos irmãos e irmãs, nas vésperas do domingo, dia do Senhor, primeiro dia da semana, momento em que celebramos com Cristo vivo e ressuscitado, apresenta-se diante de nós a liturgia da palavra própria deste sexto domingo da Páscoa.

            Aqueles que estão acostumados com a liturgia cotidiana já perceberam que o evangelho de hoje praticamente repete o que ouvimos no dia de ontem, mas precisamos entendê-lo à luz do que ouvíamos no domingo passado, naquele momento em que Jesus se revelava como videira verdadeira. Na continuidade, o próprio Senhor explica para os seus discípulos como de fato permanecer e perseverar diante dele.

            Alguns devem estar lembrados o quanto foi insistente no final de semana passado, ou melhor, no domingo, o verbo permanecer. Destaquei este verbo nas três leituras: no evangelho, na primeira e na segunda leitura, com um sentido muito grande para perseverarmos na comunhão e na presença do Senhor.

            Se existia o verbo permanecer na semana passada, no domingo passado, hoje escutamos outra expressão que também toma em alguns momentos um verbo, uma ação, o verbo amar, ou a palavra amor. Contei quantas vezes aparece essa palavra, são 9 vezes na segunda leitura e 9 vezes no evangelho. Vejam o quanto é insistente a liturgia da palavra nesta ação concreta.

            No primeiro momento compreendamos o que Jesus inaugura enquanto uma dinâmica do verdadeiro sentido do amar. Ele mesmo nos diz: é preciso permanecer neste amor, no amor a Deus e no amor ao próximo. E esta amizade que desenvolvemos com Cristo nos dá a certeza do que é o amor que designamos enquanto cristãos, o amor Ágape, que é a plenitude de toda a vivência do mandamento do amor.

            Infelizmente a palavra amor nos tempos atuais se encontra bastante banalizada. Às vezes nem usamos como uma expressão verdadeira do real sentido que é uma entrega total pelo outro, e o maior sentido dessa entrega é claro que é Jesus Cristo. Ele nos amou tanto que deu a sua própria vida por todos nós.

            É este o amor verdadeiro que Ele nos convida a experimentar quando vivenciamos a dimensão de buscá-lo constantemente. Viver essa prática do amor a Cristo, não há outro meio senão na entrega, no serviço ao próximo, único meio que temos neste mundo para que possamos vislumbrar já Deus, vivendo na pessoa dos nossos irmãos e irmãs.

            Por isso, o serviço que desempenhamos neste mundo, e não faço aqui distinção de uma ou outra profissão e vocação, mas todo serviço se não estiver em favor do outro não é um serviço de amor. O amor nos faz sair de nós mesmos para irmos ao encontro e desenvolvermos algo em favor do outro, às vezes conhecido, mas em muitas ocasiões desconhecidos e anônimos, que não sabemos o nome, nem precisamos identificar e muito menos fazer propaganda que estamos praticando o amor.

            De fato, a própria condição de uma amizade desenvolvida com os nossos irmãos e irmãs nos dá condição de um amor que chamamos philia, que é uma filiação, uma aproximação. E como é bom nos sentirmos próximos uns dos outros como comunidade, como Igreja, porque experimentamos uma comunhão no amor.

            Ainda, na própria distinção da palavra existe também o amor Eros, que não pode só ser compreendido como muitas vezes ou o mundo compreende, uma erotização desacerbada. Mas o amor Eros, a união conjugal, é uma grande beleza da vivência do amor. Quando dois corpos se unem, um homem e uma mulher podem gerar uma vida nova, é um sublime ato de amar. Este amor que, infelizmente, foi deturpado, virou tantas vezes condições de comércio, até do corpo humano, e não podemos negá-lo, porque existe como algo que também buscamos viver neste mundo. Uma entrega ao outro, se dá no amor philia, no amor agápico, o amor Eros.

            O Papa emérito Bento XVI quando começou seu pontificado fez questão de usar uma parte do texto que ouvimos hoje da Carta de São João, Deus Cáritas Est, Deus é amor, e explica muito bem nessa carta Encíclica qual é a distinção que existe entre esses vários tipos de amor.         É uma distinção no campo filosófico que também vai para o campo teológico.

            Mas na segunda parte diz o seguinte: todo amor se transforma numa entrega, e fala dos gestos de caridade que acompanham este mandamento do amor. Fala da prática do amor, e como é bom nos sentirmos amparados por pessoas e por cristãos que compreendem que não estão neste mundo sozinhos.

            Como é bonito de perceber e vivi isso hoje. Vejo muitas vezes aqui no santuário, graças a Deus, a mobilização das pessoas para tentar ou procurar ajudar outros que estão passando necessidade. O nosso santuário estava na lista de pontos de coleta que a Rede Paranaense de Comunicação e outras instituições promoveram: “juntos contra a fome”.

            Que beleza perceber pessoas que não estão preocupadas somente consigo, mas que também ajudaram. Mas não só hoje, porque hoje foi um dia aqui no santuário em que recebemos muitas doações para podemos ajudar tantas instituições, e pessoas que são cadastradas e que necessitam da nossa ajuda. 

            Estes gestos precisam nos acompanhar não só agora no tempo de pandemia, sabemos que muitos estão sofrendo e não tem nem o que comer, mas no decorrer da vida. Novamente quero louvar e agradecer a Deus, porque muitas vezes percebi, nesses 5 anos aqui no santuário, gestos de caridade, gestos de amor. Gestos de pessoas que não estão preocupadas somente consigo, e não importa a quem, nem sabem para quem vai aquele kilo, aquela cesta, ou aquele valor mensal.

            Além do dízimo que devolvem, são pessoas fidedignas, que dizem: isso é oferta para obra do Santuário, isso aqui é para as obras de caridade. É lindo esse gesto, por que denota um coração, que embora muitas vezes fica apegado às condições do mundo, também é um coração que é capaz de expressar solidariedade. Isto é viver o mandamento do amor, quando nos preocuparmos com os outros.

             Às vezes ao nosso redor, a nossa família, muitas vezes já há pessoas tão necessitadas de gestos, de um olhar, e de um carinho. Quem dera quando pensamos em outras pessoas que além do afeto que é tão necessário, também precisam da nossa ajuda para que se mantenham neste mundo.

            Os nossos gestos concretos, a caridade que é própria do cristão, não podemos esquecer, a ajuda aos pobres sempre foi feita pela Igreja. Não pode ser a de um partido político ou não será somente uma parte que determinamos que os governantes o façam, faz parte da nossa essência, ajudar aqueles que precisam.

            Claro que os governantes também o fazem, porque esse é um dever para que o bem comum seja bem estabelecido, mas que Deus nos ajude, e que nos gestos de caridade que temos, nunca esqueçamos que eles nos acompanham neste caminho salvífico, para que vivamos intensamente já agora, aqui na terra, o mandamento pleno do amor.

            Que estes gestos nos acompanhem para vivermos intensamente a comunhão com o Cristo, a comunhão com Deus, porque tenho certeza, que esta será uma grande alegria, e uma alegria plena.

Escrito por: Pe. Maurício