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Mc 7, 1-8

8Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens.

9E Jesus acrescentou: Na realidade, invalidais o mandamento de Deus para estabelecer a vossa tradição.

10Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe; e: Todo aquele que amaldiçoar pai ou mãe seja morto.

11Vós, porém, dizeis: Se alguém disser ao pai ou à mãe: Qualquer coisa que de minha parte te pudesse ser útil é corban, isto é, oferta,

12e já não lhe deixais fazer coisa alguma a favor de seu pai ou de sua mãe,

13anulando a palavra de Deus por vossa tradição que vós vos transmitistes. E fazeis ainda muitas coisas semelhantes.

14Tendo chamado de novo a turba, dizia-lhes: Ouvi-me todos, e entendei.


Homilia no XXII Domingo do Tempo Comum

HOMILIA NO XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM

            Queridos irmãos e irmãs aqui presentes e também todos que nest momento nos acompanham por meio da transmissão da Santa Missa, do 22º domingo do tempo comum. 

Estamos no final de agosto, mês vocacional, hoje celebrando a vocação de nossos catequistas. Daqui a pouco celebraremos o mês da Bíblia, e a palavra de Deus vem ao nosso encontro para dar uma resposta concreta, tanto do ponto de vista vocacional, do chamado que recebemos, quanto do ponto de vista da acolhida, de uma palavra que foi revelada por Deus.

            Por isso, gostaria de começar essa breve meditação com a Carta de São Tiago, segunda leitura de hoje que diz o seguinte: “recebei com humildade a palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas, todavia, sedes praticantes da palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos”.        

São palavras muito claras ditas nesta Carta de São Tiago, na condição de um coração que precisa acolher a palavra de Deus. A missão de um catequista se assemelha a esta acolhida fiel da palavra de Deus, que está implantada no nosso coração. O verbo que se fez carne, Jesus que veio habitar entre nós, e nos dá a salvação de nossas almas. Mas é preciso, claro, que sempre tenhamos presente que a palavra deve nos levar à prática. Não sejamos meros ouvintes da palavra!

Por isso, até neste tempo de pandemia ouve uma convocação por parte da Igreja, para que os pais pudessem ajudar naquela tarefa de transmitir a fé aos seus filhos. É impressionante perceber que mesmo em tempos de pandemia há sempre sinais de vida e de transformação, principalmente porque a transmissão da fé não pode ser “terceirizada”.

Não podemos confiar a transmissão da fé somente para as catequistas, que fazem com esmero muito grande, mas a fé precisa ser passada junto à família. Por isso há um esforço muito grande, mesmo agora nesse tempo em que voltamos para uma catequese presencial, de que os pais continuem em casa ajudando seus filhos a crescer na fé, e muitos descobriram a beleza de serem catequistas e até as dificuldades inerentes a missão, de preparar os encontros, de acolher a palavra.

            Na verdade, todas as vezes que nos tornamos anunciadores da palavra de Deus, procuramos transmitir a nossa vida de fé para que outros encontrem um sentido verdadeiro, um caminho e o caminho para o céu.  Mas, sabemos e quem fez essa experiência sabe muito bem, que a palavra em primeiro lugar, faz um grande sentido e transforma muito a realidade de quem é catequista, propagador da mensagem, de pais comprometidos com a fé.

Sedes praticantes da palavra e não meros ouvintes! Esta palavra está no coração humano, palavra que até chegamos a dizer que é dita por Deus, por meio dos primeiros mandamentos ou os mandamentos que encaminham o coração humano até Deus.  

No tempo do Exílio da Babilônia, que é o tempo do Livro de Deuteronômio, que hoje ouvimos, foi preciso escrever as condições necessárias para se encontrar com Deus, e lembrar ao povo que há um caminho até Deus, o caminho daqueles que trilham os mandamentos.

            Por isso, ouvimos na primeira leitura: é preciso guardar os mandamentos, que Deus prescreveu, não só como normas ou regras a serem cumpridas de forma externa, mas como um caminho seguro de transformação. Por isso, acolhemos os mandamentos de Deus, não como uma, desculpe as palavras, “camisa de força”, ou como algo que somos obrigados a viver, pelo contrário, os mandamentos precisam de um acolhimento do coração humano, capaz de entender que, verdadeiramente, há um caminho, e um caminho em direção a Deus. Feliz a nação, feliz o povo, feliz o homem, feliz a mulher que realmente acolhe esta palavra transformadora, pois é assim que o coração humano espera se transformar.

            Neste sentido, acolhemos também o texto de São Marcos, do evangelho que acabamos de ouvir, que ao mesmo tempo nos convida a perceber que somente as ações exteriores não ajudarão na transformação. Mas, também as posturas interiores ou as atitudes que tomamos interiormente, levarão para uma transformação verdadeira do ser humano, a nossa transformação.

Os fariseus e os mestres da lei foram até Jesus porque estavam preocupados, pois os discípulos de Jesus não cumpriam algumas normas que já tinham sido estabelecidas. Se ouvirmos bem, são normas e regras de uma boa higienização, tão necessária, tanto no tempo de Jesus quanto nosso tempo. Aprendemos com a pandemia, o quanto precisamos do cuidado para conosco mesmo, para podermos cuidar dos outros. Por isso, Jesus não está aqui a dizer que não é preciso cumprir normas ou regras, mas está afirmando que somente cumprir normas e regras por uma postura exterior não leva a uma mudança, pois é muito fácil mudar comportamentos, mas difícil está em mudar atitudes. O nosso coração precisa desta transformação interior.

            Jesus diz: este povo que me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Olha o cuidado que precisamos ter no acolhimento da palavra, pois não precisamos somente de posturas externas que nos ajudam de alguma forma, mas essas posturas precisam revelar o que o coração está a viver.

Por isso, Jesus vem chamar atenção daquela multidão dizendo o seguinte: tomai cuidado, pois é preciso escutar com muita atenção o que torna impuro o ser humano. Não são só os comportamentos ou aquilo que se faz por tradição, mas o que torna impuro o ser humano é o que sai do seu interior. E o que sai do interior do coração humano, fruto do pecado? Saem más intenções, são mais de 10, nem vou repetir aqui, mas são várias condições. Infelizmente, precisamos ter um trabalho muito grande para que possamos nos livrar delas, muitas carregamos até o final da vida, e precisamos lutar contra essas más inclinações, contra aquilo que dizemos que são os vícios do coração humano.

            Mas, para concluir, embora o evangelho não trate de uma maneira explícita, se do coração humano saem más intenções, é do coração humano que se mergulha na graça de Jesus Cristo, que pode brotar as boas intenções.

Que tarefa belíssima tem os pais na educação dos seus filhos na fé, dos catequistas, dos cristãos que se preocupam em propagar a fé, quando percebem que no coração, apesar da condição do pecado e das más inclinações, há também a possibilidade da bondade de Deus, do amor, dos gestos de caridade, da mansidão, da humildade, e tudo isso também transforma o coração, quando, realmente, acolhe-se Jesus como palavra eterna transformadora.

            Como vocacionados, acolhamos a palavra de Deus, e tenhamos a certeza, a nossa vida se transforma, o nosso ser interior se transforma. Por mais que o nosso ser exterior se deteriora com o tempo, quanto mais buscarmos a Deus, maiores serão as nossas transformações interiores. Essas transformações que precisam ser acolhidas por nós! Que o Senhor possibilite no mundo em que vivemos, no tempo em que Ele nos dá uma verdadeira mudança de vida, para que sejamos propagadores de boas intenções, de boas ações, neste mundo que precisa tanto do nosso testemunho cristão. 

Escrito por: Pe. Maurício