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Mc 7,31-37

31Ele deixou de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galiléia, no meio do território da Decápole.

32Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão.

33Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva.

34E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: Éfeta!, que quer dizer abre-te!

35No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente.

36Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto mais o publicavam.

37E tanto mais se admiravam, dizendo: Ele fez bem todas as coisas. Fez ouvir os surdos e falar os mudos!


Homilia no XXIII Domingo do Tempo Comum

HOMILIA NO XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

 

Já é uma tradição no mês de setembro dedicar um tempo maior para a Sagrada Escritura como fonte inspiradora para a nossa vida. Cada vez que nos aproximamos destes textos, logo percebemos a ação de Deus que continua acontecendo na nossa vida e na história humana, de modo que quando olhamos para a cura realizada por Jesus a este homem que não ouvia, a este homem que foi tocado nos seus ouvidos e também no seu coração para poder ouvir e falar, também somos tocados e inspirados pela palavra para anunciar a boa nova do reino.

 Tomando essa trajetória de Jesus, junto aos pagãos, numa região atípica, do modo como veio primeiramente para a tradição judaica, percebemos a ação de Jesus em todos os ambientes e nessa referência do homem surdo a referência a toda a humanidade.

Por mais que tantos de nós não tenhamos essa dificuldade de ouvir, infelizmente alguns a tem, e precisam da ajuda necessária para que a palavra chegue ao seu coração, também podemos nos colocar na posição do evangelho como este homem surdo, uma vez que aprendemos na semana passada que uma coisa é ouvir a palavra de Deus, outra coisa é escutar. Ouvir envolve só um órgão de sentido, escutar envolve todo o coração humano e todos os órgãos de sentido. Desta forma, somos tocados para que verdadeiramente escutemos a palavra do Senhor.

Tomando a referência do homem surdo poderíamos pensar um pouco melhor e aprofundar um momento muito importante vivenciado por todos nós. Talvez uma criança que não foi batizada ou algum adulto que aqui está e não recebeu o batismo ainda não vivenciaram este momento, mas a Igreja deixou este gesto de Jesus no Rito do Batismo.

 O chamado Éfata (abre-te) é o momento em que uma criança é tocada por aquele que batizou, nos ouvidos e na boca, para dizer que a partir de agora, esta criança deve ouvir a palavra de Deus e professar a fé recebida no batismo, de modo que tocando nos ouvidos e na boca se realiza o mesmo gesto salvífico de Jesus. 

Este gesto, também, quando no caso de um adulto que não recebeu o batismo, acontece antes propriamente de ser batizado, naqueles ritos preliminares dentro do que a Igreja está recomendando do processo de iniciação cristã.

Quando um adulto vai ser batizado, um pouco antes de receber os três sacramentos, também é tocado nos ouvidos e na boca, de forma que possa abrir o seu coração para a palavra proclamada. 

É evidente que este gesto carregado de um simbolismo tão grande da imposição das mãos e do tocar na boca e ouvidos, traz consigo um gesto fundamental que permanece na história da nossa Igreja.

Por isso, faço-lhes este convite: ao participar de um batizado, percebam bem este gestos que acontece.  E à medida em que a palavra tocar o coração preenche-o com a virtude da esperança. O profeta Isaías nos fala hoje de um momento em que não havia esperança para aquele povo, em um momento de perseguição e exílio, mas se volta pra o povo e diz: “criai ânimo! Não tenhais medo! É o Senhor que está vindo”.

Portanto, se o Senhor está voltando, Ele devolve a nós a vista, os ouvidos e um coração capaz de acolhê-lo. E mesmo que tenhamos tantas dificuldades de reconhecer que o Senhor está conosco, às vezes não o reconhecemos num pobre ou em alguém que passa tantas dificuldades neste mundo, mesmo assim, o Senhor está nos dando hoje a capacidade de voltarmos o coração para Ele e perceber que Ele está presente em tudo e em todos.

A segunda leitura de hoje nos fala que não pode haver acepção de ninguém, ainda mais em uma assembleia.  Às vezes nos preocupamos tanto com nosso jeito de vestir, de vir na celebração ou como o outro está, que nos esquecemos de que nosso coração é que precisa estar bem preparado.

Por isso, quando o Senhor devolve a nossa esperança Ele está nos permitindo olhar para as várias situações da vida, não fazendo assim acepção de ninguém. 

Para que a palavra de Deus possa continuar no nosso coração e transformar verdadeiramente o que nós somos: frágeis, pecadores, não merecedores da graça do Senhor, mas pela graça de Deus e por que Ele tanto nos ama, Ele quer devolver a nós ouvidos verdadeiros, coração aberto, lábios para que possamos falar mais de Jesus.

Sintamos que essa celebração cura o nosso coração. Verdadeiramente somos curados, como este homem surdo que depois não deixou de proclamar as maravilhas do Senhor: Ele tem feito bem todas as coisas, aos surdos faz ouvir, aos mudos falar, aqueles incrédulos faz crer, e àqueles que têm o coração duro Ele faz com que o coração esteja mais voltado para Ele.

Sejamos agradecidos ao Senhor, Ele hoje está permitindo por meio desta palavra um sinal maravilhoso do encontro com Ele, para que possamos anunciá-lo constantemente em nossa vida.

 

Escrito por: Pe. Maurício