SANTUÁRIO O PÁROCO PASTORAIS E MOVIMENTOS CAPELA IMC. CONCEIÇÃO LAR SÃO LUIZ NOTÍCIAS


Mc 9, 38-43

38João disse-lhe: Mestre, vimos alguém, que não nos segue, expulsar demônios em teu nome, e lho proibimos.

39Jesus, porém, disse-lhe: Não lho proibais, porque não há ninguém que faça um prodígio em meu nome e em seguida possa falar mal de mim.

40Pois quem não é contra nós, é a nosso favor.

41E quem vos der de beber um copo de água porque sois de Cristo, digo-vos em verdade: não perderá a sua recompensa.

42Mas todo o que fizer cair no pecado a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que uma pedra de moinho lhe fosse posta ao pescoço e o lançassem ao mar!

43Se a tua mão for para ti ocasião de queda, corta-a; melhor te é entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para a geena, para o fogo inextinguível


Homilia no XXVI Domingo do Tempo Comum

HOMILIA NO XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM

            Queridos irmãos e irmãs, estamos quase concluindo o mês de setembro e celebramos, antecipadamente, o dia da Bíblia. Faremos memória, na semana que vem, de São Jerônimo, aquele que traduziu os sagrados textos bíblicos para o latim, tornando possível o acesso da palavra proclamada até os nossos dias. Por meio da liturgia da palavra acabamos de ouvir alguns textos escolhidos pela Igreja que servirão como sinal para este domingo.

Tomemos logo no início o evangelho segundo São Marcos. A palavra, hoje proclamada, inicia-se situando o apóstolo, o discípulo amado chamado João, quando dialoga com Jesus. Desta forma, iremos compreender o tema central da liturgia que estamos celebrando, João, o discípulo amado, fala a Jesus: “Mestre, vimos alguns expulsar demônios em teu nome, mas nós os proibimos, porque eles não nos seguem”.

Jesus tinha uma predileção por João.  Hoje pela manhã, tivemos a oportunidade com os candidatos ao Ministério da Sagrada Comunhão na forma extraordinária, de refletir sobre este encontro do discípulo amado com o Senhor, fazendo parte do grupo dos primeiros chamados.

São João diz para Jesus: “nós os proibimos, porque eles não nos seguem”. Na verdade, eis um ponto central da nossa liturgia, quando somos convidados a perceber que nem sempre todos aqueles que são discípulos de Cristo estão caminhando conosco. Mesmo na maneira como compreendemos a caminhada de discípulos do Senhor, dentro da nossa própria comunidade eclesial, significa dizer que se pertenço a um determinado grupo cristão da Igreja Católica, preciso saber que há outros grupos que também testemunham o Cristo. E, ainda mais, além da Igreja Católica pode acontecer de ter cristãos espalhados pelo mundo, que dão o testemunho do Senhor.

            Santo Agostinho chega a afirmar que se dentro da Igreja Católica há pessoas que não testemunham o Cristo verdadeiramente, fora dela há alguns que podem testemunhar o Cristo verdadeiramente. Justamente é isto o que está hoje indicando o evangelho, que há a possibilidade do anúncio profético feito por todos, desde que seja o anúncio verdadeiro do Senhor.

Jesus disse: “não proibais estes que estão fazendo milagres, pois ninguém faz a não ser que seja em meu nome, e o que não é contra nós é a nosso favor”. Jesus está tratando daquele momento em que, quem sabe, os discípulos experimentaram certo ciúme, de quem estava fora daquele grupo, de outros que também poderiam ter sido escolhidos pelo Senhor.

De modo algum deveríamos cultivar o ciúme dos outros, principalmente quando falamos do anúncio do evangelho, mas imagino que isso chega a acontecer, quando determinado grupo ou movimento está melhor do que aquele que eu pertenço. Instala-se em nós o ciúme, porque alguém está fazendo o bem, mas de fato meu grupo não está em destaque.

            Jesus diz: “mas quem não é contra nós é a nosso favor”. Precisamos deixar de lado o ciúme e identificar que a missão de Deus acontece de maneira universal. E pode acontecer em todos os lugares e todos são chamados a anunciar da mesma forma Deus, vivo e verdadeiro.

Na mesma dimensão que ouvimos esta primeira parte do evangelho, temos a leitura do Livro dos Números, primeira leitura que de hoje. Na verdade, é uma leitura situada no tempo de Moisés, quando foi constituída a assembleia dos 70, escolhida assim para que pudesse estar junto com Moisés e dar apoio na condução do povo de Deus. E quando foi constituída esta assembleia, famosa no antigo testamento, dois homens, que não estavam no acampamento no momento em que repousou o espírito sobre aqueles homens escolhidos, começaram a profetizar. Então, um jovem foi avisar Moisés que dois não estavam, mas que eles profetizavam em nome de Deus, e eis que é feito um pedido: manda que estes que não estavam no momento da “efusão do espírito”, possam se calar.

Moisés então responde: tens ciúmes por mim? Quem dera que todo o povo fosse profeta, e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito, ou seja, Moisés responde que aquele momento de efusão foi muito importante para aqueles que estavam, mas que o espírito não se limita só naquele momento. O Espírito Santo age onde Ele quer e pode estar agindo no grupo daqueles dois que não estavam no momento de “efusão”.

            Vejam que na mesma proporção, não é preciso ter ciúmes, porque o profetismo está sendo realizado e isto é o mais importante. Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, o próprio Deus nos ensina: saibamos acolher também o profetismo realizado por outros irmãos, e até de outras denominações religiosas, que não a nossa católica, porque às vezes dão melhor testemunho do que nós. Saibamos acolher e não precisamos, de fato, mudar as nossas concepções, do catolicismo que recebemos e professamos, mas reconheçamos que muitas vezes os sinais de Deus, proféticos, podem estar fora do nosso grupo ou daqueles com quem temos convivência.

            Eis que aparece o segundo tema do evangelho, o escândalo ou o escandalizar o irmão.  Aliás, antes de entrar nisto, o que o próprio Jesus diz: quem vos der a beber um copo de água porque sois de Cristo, não ficará sem a recompensa. Ele está justamente falando dos sinais que acompanham as dimensões do reino.

Mas agora, falando do escândalo, Jesus diz: se alguém escandalizar um destes pequeninos é melhor até que tivesse se jogado ao mar com uma pedra de moinho amarrada no pescoço. Ele está falando que precisamos evitar o máximo escandalizar o outro, como cristãos e como seguidores de Cristo, e como podemos não escandalizar? Purificando o nosso jeito de fazer as coisas.

Eis o exemplo do cortar as mãos. Não é simplesmente cortar as mãos por cortar, mas as mãos têm o simbolismo do fazer, do tocar, do trabalhar, e por que não purificá-las, como forma de não causar escândalo para o outro. De fato, é preciso purificá-las.

            Na mesma dimensão, não é cortar os pés, mas purificar a própria caminhada que temos neste mundo e os pés lembram este movimento que precisamos fazer. Quando se fala do arrancar o olho, não se está falando no sentido literal, mas está ligado a dimensão de uma purificação do olhar, porque é por meio do olhar ou dos olhos, que entram muitas situações a nossa vida.

Por isso, tomemos esses cuidados, e como forma ainda de uma boa purificação encontramos, hoje, no final da carta de São Tiago, proclamada na nossa liturgia dominical, quando São Tiago está dizendo que não é possível viver segundo as concepções da riqueza deste mundo.

As riquezas apodrecem, as roupas acabam, o homem que deposita a sua confiança só nas riquezas deste mundo é um homem que tem um fim neste mundo. Agora, é preciso, sim, trabalhar com dignidade, ceifar com dignidade os campos, trabalhar como sustento próprio, sem procurar demasiadamente o luxo, porque o luxo pode levar para outras condições. Pode levar para apegos às condições deste mundo, e a um aniquilamento do ser humano.

Por isso, precisamos purificar também essa nossa dimensão, se temos a possibilidade dos bens materiais, e se temos o trabalho, graças a Deus o temos, façamos como forma de um melhor empenho, tanto neste mundo, quanto para o mundo eterno que nos aguarda.

            Cantamos no salmo de hoje: a lei do Senhor Deus é perfeita, alegria ao coração! Que ao final desta celebração, saiamos com o coração feliz e alegre, porque tivemos a possibilidade de refletir sobre a palavra, de tomar uma direção melhor da nossa vida. E, ainda mais, pudemos estar na presença real do Senhor, que está na nossa comunidade, na palavra proclamada, nas palavras do sacerdote, e por excelência, estará daqui a pouco diante dos nossos olhos na santa Eucaristia.

Escrito por: Pe. Maurício