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Lc 1,39-45

39Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá.

40Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.

41Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.

42E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.

43Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?

44Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.

45Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!


Homilia no IV Domingo do Advento

HOMILIA NO IV DOMINGO DO ADVENTO

 

            Ao longo de quatro semanas a Igreja convida-nos a uma preparação em vista do Advento do Senhor. Nas duas primeiras semanas especificamente até o dia 16, este acolhimento se dá na palavra de Deus que é proclamada em vista da segunda vinda gloriosa de Cristo. Nesta segunda parte do Advento, na expectativa da alegria da primeira vinda gloriosa que já aconteceu entre nós, na forma como Cristo estabeleceu-se como um ser humano vindo habitar neste mundo. A festa do seu nascimento que se aproxima precisa, portanto, de uma preparação imediata, e já neste quarto domingo do Advento, próximos do Natal a Igreja nos convida por meio desta palavra proclamada a um acolhimento do próprio Cristo, desta palavra, do verbo que se fez carne e veio habitar entre nós.

            E tal acolhimento se dá quando acolhemos em nosso coração a figura e a devoção tão próxima que já temos de Maria Santíssima. É por isso que nesse quarto domingo do Advento aparece de maneira muito nítida a imagem daquela que foi escolhida para ser a mãe do Salvador, daquela que em primeiro lugar acolheu esta palavra e acreditou, daquela onde cumpriu-se uma bem-aventurança hoje proclamada por sua prima Isabel, quando ao final do Evangelho de São Lucas diz: bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu.

Para chegar a essa bem-aventurança proclamada por Isabel no grande grito diante da presença de Maria, somos convidados a contemplar o acolhimento e ao mesmo tempo a visita de Maria a sua prima Isabel. No santuário há um quadro que retrata este momento, é um belo quadro. No momento em que contemplamos o segundo mistério, que chamamos os mistérios gozosos, mistérios da vida de Jesus, quando Maria visita Santa Isabel. Depois ao final da santa missa não deixem de contemplar essa imagem, na expressão tão bonita da alegria de Isabel, quando vê sua prima Maria aproximar-se.

            A visita de Maria a sua prima é muito importante, mas ao mesmo tempo há um encontro não só de duas mulheres, mas o encontro entre o antigo e o novo testamento, pois no ventre destas mulheres já estava em Isabel João Batista, em Maria, Jesus, unidade entre o antigo e o novo testamento.

O texto diz que Maria partiu da sua região de forma apressada, porque o serviço a desempenhar é realmente bem feito quando se tem pressa a fazê-lo, e ainda o texto de São Lucas tão rico de sinais diz que Isabel quando ouviu a saudação de Maria, quem sabe naquela expressão tão própria dentro da tradição Judaica do Shalom, diz expressando que a criança pulou no ventre ao ouvir a grande força do Espírito Santo na vida de Isabel.

            Deus pode realizar e realiza muitas coisas, naquilo que ordinariamente acontece na nossa vida, mas no fato do nascimento de João Batista e de Jesus há sinais extraordinários, pois Isabel já estava com idade avançada, nem poderia mais gestar um filho, e Deus provê a gestação e o cuidado para com João, que depois recebe este sobrenome chamemos assim de Batista, porque pregava um batismo de conversão.

Isabel com um grande grito reconhece que Maria foi escolhida: bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Quantas vezes rezamos por meio de uma Ave Maria, realmente rezando ou até quem sabe gritando, que bendito é o fruto do ventre de Maria: Jesus. Nasceu assim de uma oração tão simples, aprendida desde a infância, a centralidade da fé, pois Maria quer nos conduzir até Jesus. Bendito é o fruto que estava no ventre de Maria, de maneira extraordinária também porque ela não tinha coabitado com nenhum homem. Deus serve-se deste sinal, uma virgem há de conceber e dar à luz um filho, essa que foi escolhida, é imagem perfeita da mulher que acolhe o salvador, e com certeza já é uma imagem nossa, porque como Igreja precisamos acolher o salvador.

            Neste sentido Deus escolhe sinais ordinários, e muitas vezes extraordinários, para manifestar a bondade, a misericórdia e o amor para com a humanidade. E essa escolha se dá em Maria porque a ela coube a tarefa de acolher em primeiro lugar o salvador.

Se Maria para nós é um exemplo, ela torna-se ícone ao longo desses dias onde nos aproximamos do Natal, porque como uma manjedoura o nosso coração precisa acolher o salvador. Será muito bom se também visitarmos nossos amigos e parentes e se tivermos a grande possibilidade de nos encontrarmos como houve esse encontro de Maria com Isabel, mas melhor será o Natal quando de fato, há um acolhimento do Cristo como uma palavra eterna que habita o coração humano. Quando nós acolhemos o Cristo em nosso coração, eu tenho certeza que as tribulações deste mundo serão vencidas e preencheremos o nosso coração com o verdadeiro sentido do Natal.

Maria também intercederá por aqueles momentos que passamos, em dificuldades neste mundo, sabendo que com o Cristo sairemos vencedores. Concluamos esta breve reflexão, deixando-nos invadir também por um silêncio muito profundo: Maria ao acolher o Salvador em muitas ocasiões, precisou silenciar o coração para que Deus pudesse manifestar-se ainda mais plenamente. Que assim também silenciemos diante deste mistério, como faremos no dia do Natal quando falarmos da Encarnação do Filho. Não há outro gesto senão este, de inclinar a cabeça e reconhecer: estamos diante de um grande mistério de fé que precisa desse acolhimento. Que Nossa Senhora interceda por nós e acolha neste momento o breve silêncio que fazemos em vista de celebrarmos bem o Natal que se aproxima.

 

Escrito por: Pe. Maurício