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Lc 6,27-38

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Homilia no VII Domingo do Tempo Comum

HOMILIA NO VII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Queridos irmãos e irmãs presentes neste Santuário dedicado ao Sagrado Coração de Jesus e os que acompanham neste momento, rezando conosco por meio da transmissão da santa missa. A liturgia de hoje nos coloca diante de páginas bíblicas essenciais para identificarmos a missão enquanto cristãos neste mundo. De tal modo, a palavra proclamada nos dá algo que é e precisa ser diferencial a aqueles que caminham com o Cristo. De fato, estamos diante de uma palavra bíblica difícil de ser cumprida, mas se pensarmos em realidades que um dia queremos herdar, logo perceberemos que esta palavra precisa surtir um efeito em nós. Pois, na medida em que caminhamos neste mundo, temos uma imagem do homem terrestre, como diz São Paulo na carta aos Coríntios. Imagem esta que Deus nos deu, a capacidade que Deus dá a cada um pelo dom da vida, de uma transformação neste mundo, e esta se dá no momento em que houver um acolhimento da imagem do homem celeste. Desta forma, a nossa construção está em uma comunhão muito profunda com Deus, para que a transparência da imagem terrestre seja a própria transparência de Deus. Que grande desafio quando pensamos que, enquanto cristãos, somos luzes a brilhar neste mundo e o que tanto almejamos é um dia sermos como estrelas no céu, a recompensa para os justos, para aqueles que cumpriram a missão. Mas, enquanto não chegarmos a esta realidade celeste é preciso transformar a cada dia a imagem do nosso homem ou mulher terrestre, de forma a pensarmos como nos tornamos luzes neste mundo. Hoje nos encontramos diante das páginas do evangelho de São Lucas, continuando seu ensinamento com as bem-aventuranças, iniciadas no domingo passado, no capítulo sexto, no momento em que Jesus explica para os seus discípulos o que identificará a sua missão. A essência do cristão consiste justamente no que Jesus ensina, não só para os discípulos do seu tempo, mas também para nós. Se há dificuldades em acolhermos essa palavra, pensemos o quanto precisamos caminhar para nos identificarmos não só com o amor daqueles que nos querem bem, mas o amor por aqueles que não estão numa comunhão muito profunda conosco. E Jesus não só lança o desafio, mas coloca a essência do cristianismo: amai inclusive os vossos inimigos e fazei o bem àqueles que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam. Jesus sabia o quanto o mandamento do amor precisava ser vivido por cada discípulo, e mesmo sendo desafiador a cada um, o amor aos inimigos, consiste justamente em compreender que nós, enquanto seres humanos, não temos nenhuma capacidade de julgar ou fazer algum tipo de acepção de pessoas. E jamais deveríamos incentivar o ódio contra o outro, seja ele quem for. Infelizmente vivemos num tempo em que se incita ódio entre grupos, em vários níveis, políticos e até religiosos. Lemos hoje no texto do evangelho que devemos amar a todos, e de fato não condiz com o que muitos tentam chamar uma guerra santa ou defesa da fé. Amor, inclusive aos inimigos. Não significa que vamos aceitar tudo que é feito, mas deixemos que o julgamento seja feito por Deus. Não podemos e não deveríamos julgar ninguém e, se alguém quer o nosso mal, o melhor presente que damos é rezar por eles. É não fazer acepção e amar. Este é um precioso presente que damos, não para o outro, mas para nós mesmos, pois um coração amargurado é um coração triste. Um coração que não é capaz de perdoar é um coração que se deprime, é um coração que não vive a essência da vida do ser humano. Quando aprendemos o que é a capacidade de perdoar, percebemos que o bem que queremos fazer para o outro na verdade é para nós mesmos. Quando temos um coração amargurado, que incita ódio, violência, não somos capazes de viver o amor pregado por Jesus. Agora, quando cultivamos o amor, a virtude da paz, da paciência, quando estamos prontos a dar a outra face, para recebermos um tapa no rosto, de fato, estamos no caminho da perfeição. É isto que Jesus nos fala hoje no evangelho, e tenho certeza de que se vivermos um pouco mais esta realidade, a construção da nossa imagem neste mundo será como a construção de um homem que se torna luz do mundo. Quando nos tornamos luzes somos capazes de experimentar o dom da misericórdia. Jesus nos faz um pedido: sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso, não julgueis, não condeneis, perdoai, e tudo terá uma recompensa, não só neste mundo, mas a recompensa eterna. É para o céu que caminhamos, como almejamos um dia estar face a face com Deus, e se caminharmos para lá, estamos certos que aqueles que já cumpriram a sua missão têm esta missão marcada pela nossa força da oração. Como é providencial rezarmos por nossos entes queridos falecidos, na expressão de uma comunhão que não passa, a realidade do homem terrestre pode até passar, mas quando almejamos a realidade celeste, o céu jamais passará. Quando rezamos por nossos entes queridos estamos em uma comunhão profunda com eles, porque sabemos que um dia todos queremos estar face a face com o Senhor. E para estarmos todos unidos face a face, precisamos praticar o mandamento do amor e também ajudar uns aos outros, especialmente nesta prática, para que assim nos tornemos luzes neste mundo. Que estas palavras hoje proclamadas nos sirvam como remédio em meio às situações do tempo presente, e que sejamos propagadores da face do amor, desta forma, nos tornaremos verdadeiros discípulos de Cristo.

Escrito por: Pe. Maurício Gomes dos Anjos