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Lc 4, 1-13

1. Cheio do Espírito Santo, voltou Jesus do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto,
2. onde foi tentado pelo demônio durante quarenta dias. Durante este tempo ele nada comeu e, terminados estes dias, teve fome.
3. Disse-lhe então o demônio: Se és o Filho de Deus, ordena a esta pedra que se torne pão.
4. Jesus respondeu: Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra de Deus (Dt 8,3).
5. O demônio levou-o em seguida a um alto monte e mostrou-lhe num só momento todos os reinos da terra,
6. e disse-lhe: Dar-te-ei todo este poder e a glória desses reinos, porque me foram dados, e dou-os a quem quero.
7. Portanto, se te prostrares diante de mim, tudo será teu.
8. Jesus disse-lhe: Está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e a ele só servirás (Dt 6,13).
9. O demônio levou-o ainda a Jerusalém, ao ponto mais alto do templo, e disse-lhe: Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
10. porque está escrito: Ordenou aos seus anjos a teu respeito que te guardassem.
11. E que te sustivessem em suas mãos, para não ferires o teu pé nalguma pedra (Sl 90,11s.).
12. Jesus disse: Foi dito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6,16).
13. Depois de tê-lo assim tentado de todos os modos, o demônio apartou-se dele até outra ocasião.


Homilia no I Domingo da Quaresma

HOMILIA NO I DOMINGO DA QUARESMA

 

            Caríssimos irmãos e irmãs presentes neste Santuário dedicado ao Sagrado Coração de Jesus e uma saudação muito fraterna àqueles que acompanham a transmissão desta missa. Já celebramos em dois horários neste domingo, às 7:30h e às 9 horas, com muitas pessoas que, de fato, buscam um encontro com o Cristo palavra, com o Cristo Eucaristia.

            E a palavra sempre está próxima de nós, ao nosso alcance, em vista da nossa salvação. Foi o que ouvimos hoje no trecho, tão breve, da Carta de São Paulo aos Romanos, quando São Paulo nos fala desta palavra que é palavra de vida eterna: “essa palavra que está perto de ti, em tua boca, em teu coração, e esta palavra é palavra de fé”.

            Essa é a palavra que pregamos, portanto, próxima, onde também temos a capacidade de adentrarmos no mistério de Deus, no acolhimento de uma palavra que se fez carne em Jesus Cristo. Uma palavra que se eterniza em nós pelo mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Por isso, para aquele que tem fé, tem condição de estar bem preparado em vista das provações e dificuldades que porventura acontecem, especialmente no tempo de provação, pelo qual passamos no presente, e não estamos isentos neste período de 40 dias, que chamamos Quaresma.

            A fé é a condição essencial de crermos em realidades que não passam, e de invocarmos o nome de Jesus em vista da salvação. É pela fé e pelo batismo que recebemos, que adquirimos a força necessária para enfrentar as várias dificuldades da vida. Nesse sentido, a fé recebida por nós no dia do batismo nos plenifica e nos dá o dom do Espírito Santo. Desde o batismo somos portadores do Espírito Santo, e quando confirmados na fé, por meio da crisma, recebemos em plenitude novamente esses dons. Há uma relação muito aproximada daquele que é confirmado com o Espírito Santo de Deus.

            Portanto, sendo portadores do Espírito Santo, não há temor. Isso nos foi revelado pelo evangelho de São Lucas, que narra o momento em que Jesus enfrenta o tentador, onde o texto bíblico deixa claro: “Jesus cheio do Espírito Santo voltou do Jordão e no deserto era guiado pelo Espírito”. Portanto, Jesus se deixou guiar pelo Espírito, estava pleno da presença daquele que lhe enviou, do Pai e do Espírito Santo. Assim como nós, quando estamos plenos do Espírito Santo e buscamos essa plenitude pelos sacramentos que recebemos, por uma confissão bem feita. Porque a confissão nada mais é do que um resgate de todas as condições de pecado para nos dar a graça do batismo que perdemos pelo pecado.

Desta forma, quando confessamos nossos pecados, nos é dada a grande possibilidade de vida, e vida em plenitude. Portadores do Espírito Santo, que foi recebido desde o batismo, saberemos enfrentar o maligno, como hoje nesse primeiro domingo, o tentador, o diabo, foi até Jesus para tentar roubar justamente o que Ele tinha de mais precioso: uma entrega a Deus. Assim como o tentador usa também das suas artimanhas, para nos roubar a condição de fé.

            É por isso que quando chegar o dia da vigília pascal, antes de professar a fé no Deus, vivo e verdadeiro, em Jesus Cristo nosso salvador, precisamos renunciar ao espírito maligno, ao diabo e a tudo que causa divisão em nós e divisão do coração humano.

Não podemos nos deixar guiar pelo espírito maligno, porque somos portadores da graça pelo batismo. Como poderemos nos dar por vencidos, por uma força que habita infelizmente no nosso coração? Mas seremos plenos não só pela força humana, mas pela força espiritual de Deus que nos plenifica e nos dá certeza em Jesus Cristo, que é possível enfrentar o tentador, para celebrarmos verdadeiramente a Páscoa.

            Ao final do Evangelho ainda nos lembra o evangelista que, terminada toda a tentação daqueles 40 dias de deserto que Jesus passou, o diabo se afastou, mas para retornar no tempo oportuno. Se há algo que realmente o demônio sabe usar e utilizar, é das oportunidades. Ele é um grande oportunista, e tenta roubar o que de mais precioso temos. E se nesse tempo de 40 dias formos tentados, provados, levados, quem sabe, até tentar desistir de Deus, é porque o maligno quer roubar, não quer a salvação daqueles que tem fé, por isso rouba o que há de mais precioso. Se enfrentarmos durante 40 dias, já temos as provações vencidas, mas chegarão outros momentos em que também somos levados a enfrentar o tentador.

Que este período da quaresma, tão importante em vista da páscoa, nos ajude a termos a certeza de que a graça de Deus é maior do que qualquer pecado. De que a força do Espírito é maior do que a força do maligno e que nunca desistamos dessa caminhada, em vista de um dia ser salvos. Que Jesus nos ajude, que este evangelho, que esta palavra tão próxima de nós, toque o nosso coração numa verdadeira conversão, certos de que enfrentando as provações, celebraremos bem a páscoa do Senhor.

 Silenciemos por um breve instante o nosso coração no acolhimento final dessa palavra proclamada.

Escrito por: Pe. Maurício Gomes dos Anjos