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Jo 13,31-33

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HOMILIA NO VI DOMINGO DO TEMPO PASCAL

HOMILIA NO VI DOMINGO DO TEMPO PASCAL

 

            Meus caros irmãos e irmãs presentes no nosso Santuário dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, e tantos outros que rezam conosco por meio da transmissão da santa missa em nossas redes sociais.

            Como é bonita essa expressão, de chamarmos uns aos outros de irmãos e irmãs, e de fato somos pelo sangue derramado de Jesus Cristo por toda a humanidade. Essa é a garantia de uma irmandade que permanece ao longo de tantas gerações, a garantia da nossa salvação.

É também muito bom experimentarmos enquanto família de Deus, a pertença a uma família de sangue, ou uma família que nos escolheu, ou ainda uma família constituída de uma parcela do povo de Deus chamada comunidade.

Que bom é experimentar a condição de sermos irmãos uns dos outros e buscarmos a vivência das três virtudes teologais. Pois, a Igreja nos ensina que é preciso constantemente cultivar a fé, a esperança e a caridade.

Iniciamos pela primeira das virtudes: a fé, como tema principal abordado no livro dos Atos dos Apóstolos hoje na primeira leitura. O texto narra o momento em que Paulo e Barnabé voltam da missão. Estiveram em algumas cidades até citadas: Listra, Icônio e Antioquia e, quando voltaram da missão, encorajaram os outros discípulos para que pudessem permanecer firmes na fé. Eis o estímulo e o encorajamento feito por parte de Paulo e Barnabé àqueles discípulos que aguardavam notícias do que tinha acontecido. E Paulo e Barnabé insistem: é preciso permanecer firmes na fé, e ainda mais, é preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrarmos no reino de Deus.

É por meio do cultivo da fé que buscamos o alívio das nossas tribulações temporárias, um consolo em Deus, uma perseverança, a permanecer firmes diante do Cristo que nos garante a salvação, que nos garante, sobretudo, que somos assistidos pelo Espírito Santo. E é o Espírito Santo que neste momento do retorno de Paulo e Barnabé que inspira os apóstolos a designarem presbíteros para as comunidades. É a primeira vez que se fala no livro dos Atos dos Apóstolos dos Padres, dos Presbíteros constituídos enquanto aqueles que têm uma tarefa na Igreja nascente, de coordenar uma pequena comunidade.

            E ao longo de tantos séculos da história do cristianismo e da Igreja Católica, esse ministério continua tendo seu valor. Pois é assim que o padre está junto a uma comunidade paroquial e tem a tarefa de cuidar do pastoreio de uma parcela do Povo de Deus, cuja assistência é sempre do Espírito Santo e o cuidado maior é do bispo.

Mas é o bispo, sucessor dos Apóstolos, que indica um Presbítero para o cuidado da comunidade. Como é bonito perceber que o início desse ministério está justamente no momento em que se volta da missão, há um encorajamento desses discípulos para que continuem firmes na fé e, principalmente, há funções e ministérios exercidos agora por parte daqueles que são constituídos presbíteros.

Propriamente a palavra presbítero indica alguém, ou um padre, já experimentado na missão, que tem também a experiência da fé e procura encorajar a sua comunidade para que permaneça da mesma forma.

            Eis o sentido que gostaria de encorajá-los a estarem sempre firmes na fé, na presença do Senhor, porque esta também é a minha tarefa, enquanto aquele que foi constituído para cuidar desta parcela do Povo de Deus. Quero ainda ajudá-los a permanecer firmes na fé, para que mantenhamos um laço de irmandade entre nós, esse laço de sermos irmãos e irmãs uns dos outros.

            Na semana que passou vivi uma experiência muito profunda, nestes mais de 19 anos de ministério presbiteral, ao participar do 18º Encontro Nacional dos Presbíteros. Cheguei ontem à noite e o encontro, que reuniu mais de 500 padres do Brasil todo, teve representantes dos vários presbitérios, presbíteros que estão nas dioceses.

Refletíamos sobre este mesmo tema, todos somos irmãos, porque enquanto padres formamos um elo de comunhão entre nós, porque enquanto escolhidos por Deus, Deus também nos liga a Jesus Cristo e nos faz irmãos uns dos outros. Mas ser irmão um do outro não significa que não sejamos diferentes, o rosto dos padres presentes no Brasil todo, na nossa diocese, é um rosto diversificado, um rosto diferente, mas são nas diferenças que construímos unidade.

            Entre nós também é assim, aqueles que têm irmãos de sangue sabem que não são iguais um ao outro. Os pais que tem mais de um filho sabem que embora sejam irmãos do sangue, às vezes até dividiram o próprio ventre ao mesmo tempo, são diferentes uns dos outros.

É assim que se constrói uma irmandade, na diversidade, em uma família constituída no sangue, em uma comunidade constituída enquanto povo de Deus, em uma comunidade até de padres e presbíteros presentes no mundo todo. E é preciso construir essa unidade, por isso, a designação de presbíteros a cada comunidade, ajuda-nos a perceber esse ministério, que não é ministério maior do que os outros. É o ministério a serviço do Povo de Deus, de alguém que é retirado do meio do povo e constituído pastor deste povo, que muitas vezes experimentou ser povo de Deus e continua sendo o povo de Deus, mas é alguém retirado deste meio do povo.

Por isso a importância de estarmos também unidos e rezando, para que sempre tenhamos presbíteros e padres para que reúnam, estejam em uma comunidade, de forma mais presencial. E para construir essa unidade, essa irmandade entre nós em vários níveis, na grande expressão que se encontra pela virtude da caridade.

Este é o grande mandamento e testamento que Jesus nos deixou. O texto de São João no santo evangelho é a narrativa do momento que antecede o Cristo que padece a morte, que enfrenta a cruz e o principal testamento deixado por Jesus está aqui.

A narrativa fala do momento em que Judas sai do Cenáculo, o traidor, e Jesus se volta para os outros dizendo: está chegando a hora, agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado Nele. Jesus se volta para esses discípulos como também se volta para nós, enquanto discípulos, dizendo dessa forma: filhinhos, porque essa relação também com o Cristo, aquele que tem cuidado conosco é muito importante. Filhinhos por pouco tempo estou ainda convosco, então quero deixar um novo mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros, e nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros.

            Que grande responsabilidade para nós, discípulos de Cristo. Será que muitos reconhecem em nós uma irmandade realmente constituída em Cristo, e somos dignos de dizer que somos irmãos e irmãs? Para que isso aconteça não pode ficar de lado a caridade, o amor, porque é o mandamento que Jesus deixou, e amar na diversidade, e amar não só os amigos, até os inimigos.

Amar e construir uma unidade junto daqueles que, muitas vezes, são difíceis de uma convivência, mas esse é o principal mandamento, que o próprio Jesus nos deixou e eu digo: é essa a nossa identidade enquanto cristãos.

            Como seria bom se fossemos reconhecidos como discípulos de Cristo, justamente porque somos capazes de amar. Não é só um grande desafio a ser vivido, como também é um mandamento a ser vivenciado. Não é só algo como um desafio a ser vencido, mas se trata de um mandamento de Cristo, porque senão a expressão do amor e da caridade entre nós nunca será em plenitude o que Jesus desejou.

Para completar toda a nossa reflexão: eis que no texto do livro do Apocalipse de São João aparece o momento da visão desse que também é o evangelista de hoje, um novo céu e uma nova terra. Pensemos nessa visão a partir da virtude da esperança, esperamos sim um novo céu e uma nova terra, esperamos sim que se façam novas todas as coisas em Cristo. E por que esperamos isso é que cultivamos a virtude da esperança, não só de termos condições melhores para esse mundo: o Senhor nos dá aquilo que tanto necessitamos, mas a nossa esperança é futura, é esperança de um novo céu e uma nova terra. É a esperança de estar diante do próprio o Senhor e Ele mesmo está dizendo que pode e faz em nós grandes coisas e novas coisas.

Por isso, enquanto constituídos discípulos do Senhor, eis a nossa grande tarefa, cultivarmos a virtude da fé para permanecermos firmes, não deixarmos de exercer o amor e a caridade de uns para com os outros, e jamais perdermos a esperança.

A esperança é o que impulsiona o nosso amanhecer, a nossa participação dominical na santa missa, e a esperança não decepciona. A esperança é a virtude que mais precisamos cultivar nesses tempos de pandemia, não a esperança de que a pandemia passe e que os sofrimentos humanos passem, mas a esperança de sermos salvos, e salvos em Jesus Cristo. Essa esperança ninguém nos tirará, porque é o que impulsionará o nosso coração a vivermos diariamente um encontro com o próprio Cristo, a construirmos irmandade entre nós.

            Não busquemos que o outro seja ou faça o que queremos, mas sejamos solidários entre nós. Levemos adiante esta tarefa e seremos identificados enquanto irmãos e irmãs uns dos outros. Já o somos pelo batismo, mas quem dera que sejamos nesse mundo uma luz, que sejamos reconhecidos como discípulos de Cristo, porque vivenciamos neste mundo as virtudes da Fé, da Esperança e da Caridade.

Escrito por: Pe. Maurício