SANTUÁRIO O PÁROCO PASTORAIS E MOVIMENTOS CAPELA IMC. CONCEIÇÃO LAR SÃO LUIZ NOTÍCIAS


Mt 4, 1-11

1Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio.

2Jejuou quarenta dias e quarenta noites. Depois, teve fome.

3O tentador aproximou-se dele e lhe disse: Se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães.

4Jesus respondeu: Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus (Dt 8,3).

5O demônio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe:

6Se és Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra (Sl 90,11s).

7Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6,16).

8O demônio transportou-o uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe:

9Dar-te-ei tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorares.

10Respondeu-lhe Jesus: Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás (Dt 6,13).

11Em seguida, o demônio o deixou, e os anjos aproximaram-se dele para servi-lo.


HOMILIA DO 1° DOMINGO DA QUARESMA 05/03/2017

                Estamos iniciando um tempo novo em toda a nossa Liturgia e, desde a quarta-feira de cinzas, o nosso olhar se volta muita mais para a celebração da Páscoa do Senhor deste ano. Quarenta dias de preparação para a Páscoa, eis o tempo da Quaresma, quarenta dias de peregrinação neste mundo em que somos convidados a experimentar o Amor de Deus e a sua Misericórdia. Qual a origem deste tempo e como podemos, por meio da Quaresma, viver intensamente a nossa vida de Fé?

                A origem deste tempo se dá na Igreja Primitiva, no movimento inicial de preparação para os catecúmenos em vista da recepção dos sacramentos da iniciação cristã, o Batismo, a Eucaristia e a Crisma, na Vigília Pascal. Em seguida a Igreja percebeu que muitos cristãos embora já houvessem recebido o batismo, não o viviam de maneira completa.  Por isso até houve uma abertura do tempo da Quaresma não só para os catecúmenos,mas também para aqueles que já eram cristãos, para que pudessem se preparar  bem para o Mistério da Páscoa do Senhor. É por isso que o dia da Vigília Pascal é o ápice de todo o movimento que fazemos destes quarenta dias.  Acenderemos uma vela no Círio Pascal e renovaremos as promessas do Batismo. É também peculiar no tempo da Quaresma, portanto, a acolhida daqueles que receberão os sacramentos de iniciação cristã.

                Ontem à noite aqui no nosso Santuário na Missa das 19:00h  recebemos nove catecúmenos, que  estão se preparando para receber os Santos Sacramentos, um deles ou os três no dia da Vigília Pascal. Como foi bom experimentar por meio da presença da Igreja e acolhida dos catecúmenos o momento em que eles foram escritos com o seu nome no Livro da Vida. No primeiro rito do 1° Domingo da Quaresma está assim prescrito pela Igreja, a inscrição do nome, e não só são catecúmenos da Igreja, ou que se preparam, mas foram eleitos para receberem os sacramentos.

                Faço toda essa introdução para termos consciência que este tempo da Quaresma é um tempo de renovação batismal. Há uma simbologia muito forte, especialmente neste ano, do batismo, a nos acompanhar neste período da Quaresma. Veremos a água como sinal de purificação; veremos a luz como sinal da presença do próprio Cristo. Mas especialmente na Liturgia deste final de semana, primeiro domingo, há um convit a todos nós, de experimentarmos o quanto Deus é bondoso para conosco, que embora sejamos tentados pelo demônio e, há muitas tentações no mundo, o próprio Cristo em si nos ensina o caminho de vencê-las.

                As tentações apresentadas como tema central deste 1° Domingo da Quaresma, são  devido a nossa condição de pecadores. O pecado entrou no mundo e embora Deus houvesse soprado a vida sobre o ser humano, pelo ato de desobediência, o ser humano se deixa envolver pelo mal e o maligno começa a fazer parte da história humana. Infelizmente, por causa da desobediência até hoje lutamos contra este espírito maligno. O próprio Jesus enfrentou o espírito do mal, embora não tivesse pecado como nós, Ele enfrentou este espírito para nos dar a certeza de que em nós pode se soprar a vida e, novamente somos levados à Graça do Senhor.

                É por isso que das três tentações que tradicionalmente conhecemos: do ter, do poder e do prazer, brotam inúmeras tentações presentes no nosso mundo. O mundo e o que o cerca, nos leva tantas vezes a buscar um refúgio em coisas que passam, a termos até mesmo a tentação de querer o poder, o prestígio, ou de forma a buscar só uma estabilidade que esteja presente neste mundo. Contudo, nos lembra o próprio sentido de pertença a Deus e nesta Liturgia que é preciso voltar para as realidades do Céu, para o próprio Cristo e, neste período, ter a certeza de que se uma vez entrou o pecado no mundo, uma única vez e por um único homem Jesus Cristo entrou a Graça.

                A segunda leitura de hoje, a carta de São Paulo aos Romanos nos dá esta certeza, se por um homem veio o pecado, no sentido de pertença ao pecado dos nossos primeiros pais, agora  somos convidados a pertencermos, a nos configurarmos ao Cristo, porque Ele de uma vez por todas apagou os nossos pecados.

                Para concluirmos, é bom termos presente ensinamentos preciosos da Igreja que permanecem ao longo de séculos. Realmente, o texto de Santo Agostinho, próprio da Liturgia das Horas no Ofício das leituras deste domingo, convida-nos a peregrinar neste mundo tendo a certeza que, embora sejamos tentados pelo maligno, o Senhor nos ajuda a vencer. Diz Santo Agostinho num de seus comentários: “A nossa vida enquanto somos peregrinos neste mundo, não pode estar livre de tentações, pois é através delas que se realiza nosso progresso e, ninguém pode conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado, ninguém pode vencer sem ter combatido e nem pode combater se não tiver inimigos e tentações. Cristo também foi tentado pelo demônio, em Cristo tu também eras tentado, porque Ele assumiu a tua condição humana para te dar a tua Salvação, Ele assumiu a tua morte para te dar a sua vida, assumiu os teus ultrajes para te dar a sua glória. Por conseguinte, Ele assumiu também as tuas tentações para te dar a sua vitória.”

                Tenhamos a certeza que o Senhor venceu o tentador para nos ajudar e a nossa vida, embora esteja sujeita ao pecado e ao maligno, já encontrou a Salvação, em Cristo ressuscitado. E tendo a certeza de que se Ele venceu o tentador, também podemos vencer o espírito maligno nos abrindo para a graça que já nos foi dada pelo Santo Batismo.

                Que Deus nos ajude e a Mãe da Piedade e das Dores, nossa Senhora, nos acompanhe ao longo deste tempo da Quaresma.

 

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 19:00h do dia 05/03/2017. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original

Escrito por: Pe. Maurício