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Lc 13,22-30

22Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava.

23Alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os homens que se salvam? Ele respondeu:

24Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão.

25Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos, ele responderá: Digo-vos que não sei de onde sois.

26Direis então: Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças.

27Ele, porém, vos dirá: Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores.

28Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora.

29Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus.

30Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos.


HOMILIA NA SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

HOMILIA NA SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

 

            Caríssimos irmãos e irmãs, a Solenidade de hoje “Assunção de Nossa Senhora aos céus”, comumente é lembrada no dia 15 de agosto. Como não é um feriado nacional passa-se para o domingo posterior, como forma dos cristãos católicos celebrarem aquele momento em que Maria foi elevada ao céu de corpo e alma.

Esse dogma de fé foi proclamado pela Igreja no dia primeiro de novembro de 1950, dentre tantos dogmas em que a Igreja coloca como verdades de fé. Este foi o último e fruto de vários séculos, em que a fé do povo cristão se estabelecia no mundo, uma certeza de que Maria estava junto do Pai, no céu com o Filho, Jesus.

            Mas como se adquiriu essa certeza? É claro, pela grande intercessão de Nossa Senhora junto ao povo cristão ao longo de toda a história. Maria esperava o salvador, esperava o Cristo, e foi escolhida para ser a mãe Dele. Depois desta escolha eis que se apresenta no nosso Evangelho de São Lucas, o momento em que Maria parte para a região montanhosa na cidade da Judeia, dirige-se apressadamente, como diz o texto de São Lucas, para mostrar como Maria tem pressa em servir, em mostrar a condição da humildade abraçada por esta escolha.

Eis que Maria parte, não se sabe bem ao certo como foi esta viagem, da cidade de Nazaré até Ai Karen onde aconteceu esse encontro, numa distância mais ou menos 150 km. Provavelmente houve uma grande comitiva, como uma mulher sairia sozinha de uma região para outra caminhando, mas sendo uma comitiva e tendo a presença de Maria, já mostra o quanto Maria tem pressa no serviço, o quanto pode interceder por seus filhos.

            Entra então na casa de Zacarias e cumprimenta Isabel. Com certeza com aquela saudação tradicional entre os judeus, com o Shalom, o desejo da Paz, que deve estar com aquele que chega e com aquele que recebe. E quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre, pois Isabel estava esperando João Batista, e ao mesmo tempo em que Isabel ficou plena, cheia do espírito santo, ela exclama com um grande grito: “bendita és tu Maria entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”.

Quantas vezes recorremos também a Maria Santíssima, nesta oração tão conhecida ao longo da história. Uma oração onde se dirige a Maria, dizendo que ela, realmente, é bendita entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre. Feliz inspiração que brotou do coração de Isabel pois João Batista já estava no seu ventre, portanto, não é só um encontro entre duas grandes mulheres, Maria e Isabel, há também o encontro íntimo já entre Jesus e João Batista, o seu precursor, de forma que Isabel é uma mulher que reconhece Maria como o sinal de Deus.

            Como posso merecer que a mãe do meu Senhor, ela reconhecia que Maria seria a mãe do Salvador, venha me visitar, e conta: logo quando a tua saudação chegou, a criança pulou de alegria no meu ventre, e proclama Isabel uma bem-aventurança. Já identificamos no Evangelho de São Lucas, essa bem-aventurança proclamada por Isabel: bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu.

Maria é esta bem-aventurada, foi a primeira que acreditou, que primeiro teve fé e acreditou que Deus poderia realizar nela um sinal, e foi escolhida justamente para isso. Como não imaginar, também hoje, no seio virginal de Maria Santíssima, e até no cuidado com o filho de Deus, às tantas situações vividas e as relações estabelecidas entre mãe e filho! Como não contemplar os vários momentos em que Maria estava junto com Jesus em sua missão, acompanhando-o como mãe! Como não imaginar Maria presente na paixão do próprio Filho de Deus, vendo Jesus carregando a sua cruz! Como não contemplar Maria aos pés da cruz, e recebendo naquele momento do próprio filho, o mandato e um cuidado para com os outros filhos, que permaneceriam neste mundo. Como não contemplar Maria depois da ressurreição, perseverando com os apóstolos! Como não contemplar Maria junto de João, naquele cuidado que cumpriu o que o Senhor havia pedido, o cuidado da mãe para com João, discípulo amado. E do discípulo amado para com a mãe.

E por mais que não haja relatos bíblicos para falar do momento da partida de Maria, hoje contemplamos, no dia da assunção, o momento em que Maria dorme para este mundo e acorda para a vida eterna. É o que celebramos, e por muitos séculos esta solenidade foi conhecida como a festa da dormição de Maria, mas também podemos dizer, foi o momento em que Maria morreu para este mundo, e de forma que Deus a queria junto do seu filho.

Foi elevada ao céu de corpo e alma, portanto, assunção de Maria já é um pré anúncio da forma como seremos elevados ao céu, porque como diz a primeira carta de São Paulo aos Coríntios, na segunda leitura de hoje: Cristo ressuscitou dos mortos. Foi o primeiro e assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos reviverão. E é a partir do Cristo e da sua ressurreição que cremos na realidade de que o nosso corpo, por mais que pereça, também ressuscitará. E Maria Santíssima antecede tudo isto, ela já está no céu, e essa garantia é dada porque não há vestígios do seu corpo na terra.

            Quantos vestígios encontramos dos apóstolos que conviveram com o Senhor. Mas de Maria nada se encontrou e nada se encontrará, porque o seu corpo já está glorificado, como um dia também esperamos ser glorificados. 

É a própria descrição que ouvimos do apocalipse de São João: o discípulo amado contempla o momento em que se abre o templo de Deus que está no céu. Aparece no templo a arca da aliança. Essa arca da aliança no antigo testamento carregava o decálogo e foi colocada junto ao templo de Jerusalém. Agora, Maria é a nova arca da aliança, ela carrega no seu ventre Jesus e, portanto, também tem um lugar não só no templo terreno, mas principalmente no templo de Deus, que é eterno. É este o lugar, por isso ela aparece com um grande sinal, e há uma interpretação de Maria como aquela que está vestida de sol, tendo a lua debaixo dos céus e coroada de doze estrelas, como muitas vezes vemos a imagem de Maria no céu a interceder por todos nós.

            Mas, há também a interpretação da Igreja, que precisa tanto trabalhar neste mundo para um dia alcançar a eternidade, a Igreja que somos nós. Da Igreja que tantas vezes é perseguida pelo maligno. A descrição seguinte é de um grande dragão que persegue a Igreja, como sabemos pelos acontecimentos do tempo presente, quantas perseguições vivemos mesmo em um país onde podemos professar a fé. Há lugares em que estão proibindo os cristãos de falar e de anunciar Jesus Cristo, porque há uma perseguição da força divina que se estabelece na voz profética de tantos cristãos. Assim, Maria quando está junto do Pai, junto do seu filho, intercede por nós, é aquela que nos ensina aqui na terra, como Igreja, a continuarmos a nossa peregrinação e como ela, muitas vezes, elevarmos o nosso coração a Deus, em um ato de gratidão e de fé.

            Ao final do encontro entre Isabel e Maria, ela canta o magníficat. Um belo canto inspirado em tudo o que o Senhor já revelou no antigo testamento: “a minha alma engrandece o Senhor”. E Maria se apresenta como serva do Senhor, mostrando que a partir de então há uma forma de servir a Deus. E esta forma é abraçada por Maria em primeiro lugar, por isso, quando cantamos o magnificat e a Igreja proclama e canta todos os dias, pela liturgia das horas, em todo o entardecer se canta esse magníficat para lembrar a condição de um dia que está findando, mas de um Deus que jamais abandona e quer nos colocar sempre a serviço deste mundo.

Por isso, meus irmãos e minhas irmãs, no dia em que celebramos a assunção de Maria ao céu, celebramos também os momentos de glorificação aqui na terra. Mas, nunca esqueçamos que o nosso destino final é o céu, e plenamente seremos glorificados. Esperamos um dia ressuscitar, o nosso corpo perecerá pela morte, o nosso corpo é perecível, mas ressuscitaremos com Cristo. Ele mesmo, o Cristo, destruiu a morte e ressuscitou, levou Maria para junto de si, por isso, é pela força de Deus que Maria foi assunta ao céu, e Ele pode também nos ressuscitar.

            A nossa condição terrena, a nossa vida terrena terá um fim, mas a morte não será o fim de nenhum daqueles que creem. Pois a morte é só um momento de passagem, cremos em realidades eternas, e hoje também professamos que Maria já está junto do Pai em corpo e alma.

Os outros apóstolos, discípulos do tempo de Jesus, dos vários tempos e pelos séculos da história, aguardam a ressurreição. Como será, não sabemos, e não cabe a nós saber, o que nos cabe é continuar com espírito de fé, crendo no Cristo ressuscitado, e ao mesmo tempo pedindo a intercessão de Maria, ela sempre olha pelos seus filhos. O sinal maternal de Deus se encontra, muitas vezes, no olhar que dirigimos a Maria, nesta certeza de que ela nunca deixará os seus filhos, e intercederá junto a Jesus pelas várias necessidades do mundo e daqueles que tem fé.

Escrito por: Pe. Maurício