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Lc 17,5-10

5Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé!

6Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá.

7Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: Vem depressa sentar-te à mesa?

8E não lhe dirá ao contrário: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto como e bebo, e depois disto comerás e beberás tu?

9E se o servo tiver feito tudo o que lhe ordenara, porventura fica-lhe o senhor devendo alguma obrigação?

10Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer.


HOMILIA NO XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Queridos irmãos e irmãs, presentes neste Santuário, e uma saudação muito fraterna a todos que acompanham a transmissão desta santa missa. Hoje celebramos o 27º domingo do tempo comum. Segundo a perspectiva deste ano, damos um passo seguindo a caminhada de Jesus rumo a Jerusalém, conforme a narrativa adotada por São Lucas.

Por isso, a palavra hoje proclamada quer ser uma direção muito segura para nossa vida, porque também estamos a caminho de Jerusalém, não de uma Jerusalém terrestre, mas da Jerusalém Celeste. Temos uma caminhada com destino certo. O nosso destino é a eternidade, fomos feitos para o céu. E na nossa caminhada, enquanto cristãos, na nossa peregrinação neste mundo, a vida de cada ser humano vem marcada, além do precioso dom que recebemos de Deus, como o como o dom da vida, por aquele dom precioso que chamamos Fé.

            Graças ao batismo, em nós habita a condição da fé, e desde o começo da nossa existência, cultivamos esta virtude. Na verdade, é uma virtude teologal, por que nos aproxima de Deus, e por meio dela alcançamos realidades muito maiores do que a nossa realidade humana.

Por meio da fé temos condições de caminhar neste mundo, e mesmo em meio ao sofrimento, tristeza, experimentarmos que Deus caminha conosco. É pela fé que cremos naquela justificação que tanto almejamos do Senhor, e é por este dom que somos convidados, segundo o Evangelho de hoje, a pedirmos como os apóstolos, que já estavam seguindo o Senhor: aumenta a nossa fé!

De fato, dia a dia, de tempo em tempo, de segundo a segundo, precisamos pedir este dom a Deus, que jamais duvidemos da sua presença, mas que aumente nossa fé. E Jesus responde para os apóstolos dizendo: se vocês tivessem uma fé tão grande, poderiam fazer uma amoreira mudar de lugar para outro. A fé dos Apóstolos foi considerada muito pequena, por isso que pediram que o Senhor aumentasse a fé.

Existe algo que depende da nossa decisão pelo próprio Cristo, mas a nossa decisão livre para com ele, também vem no sentido de pertença a Ele, de pertença ao Cristo. Por isso ele pode nos ajudar, mas prestemos atenção, pertencermos a Cristo, não faz de nós agora, aqueles que exigem de Deus algumas coisas, ou até, quem sabe, que o Senhor faça conforme a nossa própria vontade.

            Hoje, na celebração eucarística, nossos catequizandos receberão o Pai-nosso. Esta oração dominical que nos acompanha sempre, traz em um dos pedidos que seja feita a vossa vontade e não é possível mudar, não é conforme a nossa vontade, mas a vossa vontade.

Por isso que o próprio Jesus, no evangelho de hoje, diz que, ao final de tudo, quando buscarmos o Senhor, quando acreditamos em realidades maiores, ou quando cumprimos a nossa missão, porque cada um tem uma missão, como pais, como aqueles que abraçaram uma missão neste mundo, por meio de um trabalho digno, mas no final de tudo, fazemos isso para glória ou para recebermos benefícios próprios?

Jesus diz que quando estiver feito tudo que vos mandaram, dizei: somos servos inúteis, fizemos o que deveria fazer. Talvez a palavra inutilidade não é muito adequada ao nosso português, dá impressão que fizemos por fazer, poderíamos adaptar a tradução para dizer que até somos servos sim, mas servos necessários neste mundo, porque o mês missionário que abrimos com essa celebração, também nos faz hoje protagonistas do nosso tempo.

            Somos servos do Senhor, e como servos, temos um papel neste mundo, precisamos fazer algo não para um sentido somente pessoal, mas para que o nome de Cristo seja propagado.

Se a chama da fé hoje está no nosso coração, e é pela fé em Cristo que estamos reunidos, esta chama da fé precisa chegar em outros corações, que estão endurecidos para crer que Cristo venceu a morte, ressuscitou, e é pela fé que, o texto hoje da profecia de Habacuc, nos fala de uma justificação.

É muito bom experimentarmos a misericórdia de Deus, e ele é misericordioso, nos dá condições, e aliás, precisamos pedir que nos dê condições de experimentarmos a sua misericórdia, que é muito grande. Mas a partir do momento em que partirmos deste mundo, com todos os trabalhos feitos, no momento em que fecharmos os olhos para esta realidade, queremos abrir para uma realidade que é eterna, e para isso, vem a justificação.

            “O justo viverá por sua fé” diz a profecia de Habacuc que nos fala desta condição da fé, que é a forma de encontrarmos a justificação diante de Deus. Deus quer dar a salvação, e esse é um desejo próprio, que trouxe o seu próprio Filho Jesus Cristo entre nós, e se o justo viverá pela fé, queremos também a justiça de Deus.

Por isso caminhemos dia a dia, momento a momento, segundo a segundo, pensando que a nossa fé precisa ser como condição essencial, não é só um acessório, e nem precisamos tê-la como algo secundário, pelo contrário, é essencial para nossa vida crermos em Cristo.

            Por isso, termino com a exortação hoje feita na carta de São Paulo a Timóteo. São Paulo escreveu a Timóteo que era Bispo também, para que ele pudesse ser reavivado na fé e diz o seguinte: eu te exorto meu amigo, a reavivar a chama do dom de Deus que recebestes pela imposição das minhas mãos.

Na verdade, São Paulo está dizendo a Timóteo para que seja alguém capaz de levar e continuar a sua missão de propagação da mensagem de Jesus. Esta palavra diz muito a nós, já recebemos dons necessários, mas é preciso que estes sejam espalhados pelo mundo, por isso, não guardemos só para nós a fé que recebemos.

No final da segunda leitura, diz o seguinte: guarda o precioso depósito, é da fé que está se falando, com ajuda do Espírito Santo que habita em nós. Mas a fé não é algo que fica guardado somente para um benefício próprio, a fé precisa nos levar a sermos propagadores desta boa notícia, e qual é a boa notícia? É o Evangelho da salvação que Cristo nos trouxe, é Ele que nos dá a salvação.

            Crendo nestas realidades maiores, só a fé nos faz hoje crermos nessas realidades e nos colocamos diante do Senhor com nossas orações, rezamos por nós, pela realidade do nosso país, mas não esquecemos de rezar por aqueles que partiram. É uma forma muito concreta de estarmos unidos, também pela força da fé, queremos que alcancem a salvação, e se eles precisam das nossas orações, contarão especialmente pela missa, mas também por outras orações.

Por isso, fica uma mensagem de salvação a todos os familiares, hoje enlutados, na perda de alguém que é tão querido, de pessoas que conviveram conosco e, de fato, viveram e procuraram viver a justiça de Deus, com seus limites e com suas fragilidades. Basta pensarmos na nossa vida, ninguém de nós é perfeito, mas quando há uma caminhada, há também uma direção, e por isso cremos que a nossa direção é o céu, que esse seja o melhor conforto para nós.

            A pior morte que acontece para um ser humano, é chamado esquecimento, quando muitos são esquecidos, quando muitos não são nem lembrados depois da morte. Aliás, há momentos em que acompanho, quase que diariamente, os velórios e os cortejos até o cemitério e há ocasiões em que não tem nem pessoas para carregar o indivíduo para o cemitério, até a própria funerária tem que fazer. Muitas vezes, porque não se construiu amizades e não tem pessoas que possam estar ali na consolação e rezando. Que isso nunca aconteça conosco, que a nossa vida seja uma construção de amizades sadias, para que já neste mundo, experimentemos como é bom estarmos em comunidade, mas sobretudo, que experimentemos agora, o que é um pedaço do céu.

            Na verdade, a missa é um pouco desta realidade, unimos o céu e a terra, por isso, pedimos por nós, pedimos pelos entes queridos. Com certeza, cada missa celebrada, é uma consolação do nosso coração, porque é por meio da fé em Jesus Cristo que cremos que Ele venceu a morte e ressuscitou. E se não crermos nesta realidade tudo é vão, na verdade, vão é o momento daqueles que não experimentaram a grandeza de um Deus, a grandeza de Cristo que está sempre caminhando conosco. Que Ele nos ajude, e terminamos como os apóstolos hoje pediram ao Senhor, façamos também esse pedido, e repitamos no interior do nosso coração: Senhor, aumenta a nossa fé!

Escrito por: Pe. Maurício