SANTUÁRIO O PÁROCO PASTORAIS E MOVIMENTOS CAPELA IMC. CONCEIÇÃO LAR SÃO LUIZ NOTÍCIAS


Lc 17,11-19

11Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus passava pelos confins da Samaria e da Galiléia.

12Ao entrar numa aldeia, vieram-lhe ao encontro dez leprosos, que pararam ao longe e elevaram a voz, clamando:

13Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!

14Jesus viu-os e disse-lhes: Ide, mostrai-vos ao sacerdote. E quando eles iam andando, ficaram curados.

15Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz.

16Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradecia. E era um samaritano.

17Jesus lhe disse: Não ficaram curados todos os dez? Onde estão os outros nove?

18Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus?!

19E acrescentou: Levanta-te e vai, tua fé te salvou.


HOMILIA NO XXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Caríssimos irmãos e irmãs, quanta alegria podermos participar da Santa Eucaristia nesse domingo, dia consagrado ao Senhor. É claro que na forma presencial os mistérios são celebrados de maneira plena, e não podemos deixar de rezar por aqueles que estão distantes fisicamente, mas rezam conosco por meio da transmissão da santa missa. De modo muito especial, a missa transmitida tem o seu valor para aqueles que estão doentes, enfrentando alguma enfermidade.

E hoje, o santo evangelho vem nos falar de como nos aproximamos de Deus. Embora tão fragilizados pelo pecado e acometidos por doenças físicas, o Senhor nos dá condições de buscá-lo constantemente e em tudo dar graças, porque esta é a vontade de Deus para convosco, em Cristo Jesus.  

Como aprender o dom de agradecer por meio do evangelho e das leituras proclamadas, e mesmo em meio as situações enfrentadas, de sofrimentos e de dor, elevarmos o nosso coração para Deus no ato de agradecimento! O grande aprendizado se dá quando damos um passo fundamental, de resposta à convocação que Jesus nos faz, para participarmos da Santa Eucaristia. Todos são convocados e muitos aceitam este convite, nós que aceitamos o convite, esta convocação, hoje perseveramos, e embora, sejamos também infiéis em muitas situações da vida, Deus permanece fiel conosco e nos convida, convoca, chama para a Eucaristia, que é uma grande ação de graças.

            Há um momento que antecede a liturgia eucarística, que chamamos de liturgia da palavra, preparatória para aquele momento sublime em que elevaremos o nosso coração para Deus e agradecermos pelos benefícios recebidos.  A oração eucarística pronunciada pelo padre, com a participação do povo de Deus é uma grande ação de graças até por tantas situações vivenciadas no momento presente.

Por isso, sintam-se convocados hoje a bem celebrar e em tudo dar graças ao Senhor, especialmente nesse acolhimento da palavra que acabei de fazer referência, da Carta de São Paulo a Timóteo, quando São Paulo reconhece essa condição, embora o ser humano seja infiel, o Senhor permanece fiel, para que se possam experimentar o dom da cura, dos milagres.

            A Santa Missa é uma grande forma de encontrarmos o Cristo como aquele que nos cura. Por isso, é essencial buscá-lo todo domingo, é essencial para nossa vida, é uma resposta à convocação, não só como obrigação qualquer, mas como uma grande necessidade da nossa alma.

É assim que acolhemos a palavra do santo evangelho, hoje na narrativa de São Lucas, onde narra-se a caminhada de Jesus rumo a cidade de Jerusalém. Mas ele quer lembrar que também temos uma caminhada neste mundo, rumo à Jerusalém Celeste, rumo ao céu, porque fomos feitos para esta realidade.

Enquanto peregrinamos neste mundo, o que faremos? Somos levados a crer que o Cristo permanece sempre conosco, que o Cristo derrama inúmeras graças, curas e milagres são realizados a todo tempo, pelo Senhor que passa no nosso meio. Assim como aconteceu no episódio e nessa história narrada pelo evangelista, quando Jesus caminhava para Jerusalém, e de repente, entre o território de Samaria e Galileia, territórios de fronteira, apareceu naquele povoado, dez leprosos.

Essa terrível doença da lepra levava muitos, não somente a experimentar uma dor física, mas experimentar a dor da separação, de não poder conviver com os outros, tinham que ficar separados. Por isso era comum o grupo dos leprosos estarem juntos, e eram proibidos de estar próximos a outras pessoas. Experimentamos um pouco dessa realidade, somos sobreviventes de um tempo de pandemia que também nos isolou em nossas casas, mas é um pouco, porque a realidade da lepra levava para consequências muito piores.

            Esses leprosos no tempo de Jesus sofriam terrivelmente. E estavam nesse povoado, por que não era possível aproximar-se de ninguém, pararam longe de Jesus e gritavam por socorro: Jesus, mestre, tem compaixão de nós! Impressionante escutar da boca dos leprosos o nome de Jesus, porque é Jesus quem salva, eles reconhecem que Jesus é um enviado do Pai. Além disso, chamam Jesus de mestre: mestre tem compaixão de nós! O grito de socorro desses leprosos é o grito de socorro de tantos que passam por enfermidades nesse mundo, que estão isolados, fora da convivência social, e sofrem terrivelmente.

E o que acontece no evangelho continua acontecer nos tempos atuais.  Ao vê-los Jesus disse: ide apresentar-vos aos sacerdotes. Podemos fazer um paralelo muito importante entre o evangelho que estamos narrando com a primeira leitura que também narra a cura de um leproso estrangeiro, Naamã o Sírio. Da mesma forma como acontece, há uma mandato, é Jesus que manda que se apresentem aos sacerdotes. No caso da segunda leitura do Livro de Reis, do profeta Eliseu, manda Naamã, que nem acreditava em Deus, a banhar-se no Rio Jordao. Mesmo Naamã não acreditando, como não tinha nada a perder, vai até o rio e quando se banha acontece o milagre da cura da lepra, tornou-se um homem novo, purificado.

            Mas, compreendamos melhor o evangelho, para que alguém pudesse voltar ao convívio social e pudesse ter uma resposta que estava curado, precisava apresentar-se ao sacerdote. Era o sacerdote que verificava se o leproso estava curado e poderia voltar ao convívio e ainda realizar ritos de purificação. Por isso Jesus manda, por que o milagre já acontecera, e eis que os dez leprosos começam a caminhar.

Imaginem se não acreditassem nesse mandato, continuassem parados, quem sabe não aconteceria. Somos peregrinos nessa terra e caminhamos com essa certeza de obediência ao mandato do Senhor, se ele disse aos dez leprosos para se apresentar aos sacerdotes, ele nos diz tantas vezes na vida: ide também e apresente-se diante de Deus como um ato de agradecimento pela cura já realizada.

            Se tem alguma enfermidade se apresente diante de Deus com fé, dessa forma o Evangelho se atualiza em nós. E acontece que enquanto caminhavam foram curados! Quantas vezes na nossa vida experimentamos o dom da cura, que é um milagre verdadeiro. Mas esse dom da cura não é um privilégio somente nosso, vocês, inclusive, devem ter consciência de que muitos que nem acreditam em Deus, também são curados. E por que isso acontece? Porque Deus pode realizar maravilhas em todos. No caso desses dez leprosos, ele curou a todos, não perguntou se eram judeus ou se acreditavam em Deus, Ele simplesmente disse: ide apresentar-vos os sacerdotes. E eles acreditaram, começaram a caminhar e foram se apresentar.

            E, eis que um deles quando estava caminhando, o evangelista é espetacular nos detalhes, percebeu que estava curado, voltou e glorificou a Deus em voz alta. Ainda mais, atirou-se aos seus pés de Jesus, estava curado, e com rosto por terra agradeceu. O dom de agradece é precioso! Nossa fé está pautada naquela necessidade de pedir a cura, pedir pelo outro, pedir por mim, pedir por tantas situações. Quantas vezes agradecemos ou voltamos para Jesus, como este samaritano, atirando-se aos pés de Jesus e agradecendo, quantas vezes isso acontece? E precisa que isso aconteça como um ato de fé, porque esse samaritano representa também os corações daqueles que não só acreditam em milagres que Jesus realiza, por que ele realiza, mas também querem partilhar deste dom da fé num dom de agradecimento a Deus. Por que milagres acontecem em toda a humanidade, nos diferentes povos, mas o dom da fé é uma realidade para alguns que precisam e tem o privilégio de cultivar esse dom em comunidade.

            Esse Samaritano, embora não pertencesse a raça judaica, voltou e agradeceu. Mas não foram dez os curados? No mundo estão espalhados inúmeros casos de cura física, mas onde estão os outros nove que não voltaram para agradecer, não houve quem voltasse para dar glória a Deus. E agora vem somente esse estrangeiro, nem judeu era.

Então se volta para o Samaritano e diz o seguinte: levanta-te e vai, novamente o envio, levanta e vai, pronuncia o nome de Jesus para os outros porque tua fé te salvou. É impressionante, por que é bem perceptível no evangelho de hoje, dez foram os curados como acontece no mundo, a cura física, mas a cura física de uma enfermidade não impede a morte. Como gostaríamos que impedisse a morte, mas o próprio São Paulo na Carta a Timóteo diz: se merece fé, essa palavra, se com ele morremos, com ele viveremos, se com ele ficamos felizes, com ele reinaremos.

Por isso, se Deus não nos dá o dom da cura e do milagre, é preciso que permanecemos firmes da mesma forma, porque em um dado momento da nossa vida fecharemos os olhos para essa realidade, para abrirmos os olhos para outra. E é assim que esperamos ser salvos. Se Deus realiza milagres, é para que percebamos a sua ação, mas não é para que sejamos aqueles que ficam só na procura de milagres, de curas, e indo de um lado para o outro, indo de uma igreja a outra, Jesus quer que façamos um encontro com Ele.

            Ele quer que experimentemos o dom da cura do nosso coração, o dono da nossa cura espiritual, e este é o verdadeiro milagre. O que aconteceu aos nove outros também foi um milagre, por que foram curados fisicamente, mas ao Samaritano foi salvo pela condição de fé, ele pode experimentar o quanto é bom estar próximo de Jesus.

Por isso, meus irmãos, minhas irmãs, não deixemos de agradecer, mesmo que estejamos passando por uma enfermidade, mesmo que a nossa família esteja passando por tribulações, tudo convém para que também realizemos muitas obras nesse mundo pela força de Deus. Como hoje ouvimos na aclamação do Evangelho: em tudo dai graças, pois essa é a vontade de Deus para convosco em Cristo Jesus.

Escrito por: Pe. Maurício