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Mt 24,37-44

37Assim como foi nos tempos de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem.

38Nos dias que precederam o dilúvio, comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca.

39E os homens de nada sabiam, até o momento em que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também na volta do Filho do Homem.

40Dois homens estarão no campo: um será tomado, o outro será deixado.

41Duas mulheres estarão moendo no mesmo moinho: uma será tomada a outra será deixada.

42Vigiai, pois, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor.

43Sabei que se o pai de família soubesse em que hora da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa.

44Por isso, estai também vós preparados porque o Filho do Homem virá numa hora em que menos pensardes.


HOMILIA NO I DOMINGO DO ADVENTO

HOMILIA NO I DOMINGO DO ADVENTO

 

            Caríssimos irmãos e irmãs presentes neste Santuário e também uma saudação muito fraterna a todos que acompanham a transmissão dessa santa missa, que abre o ciclo do Natal com o primeiro domingo do Advento.

Nesse domingo temos uma visão do que celebramos no ano litúrgico, por isso, o cerne de tudo que celebramos se encontra no dia da Páscoa. É a partir da páscoa anual que todas as celebrações congregam em si uma visão ampla do que caminhamos e do que buscamos todo domingo.

Cada domingo é Páscoa para nós, em cada domingo celebramos o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor, e nos preparamos anualmente por meio de ciclos. O principal do ano litúrgico é chamado ciclo da Páscoa, compreendendo o tempo da Quaresma e o tempo Pascal. Um ciclo de suma importância porque nos reveste da luz que nunca passa, do Cristo ressuscitado.

            Depois celebramos o mistério do nascimento de Cristo, segundo momento em termos de importância porque, na verdade, abre o nosso tempo litúrgico com o ciclo do natal. Iniciamos, portanto, essa primeira etapa do tempo do advento em vista da vinda do Senhor.

E os outros domingos do nosso calendário litúrgico estão dentro do que chamamos o ciclo do tempo comum, outras 34 semanas onde vislumbramos a vida pública de Cristo.

            Dessa forma, o ciclo que hoje começa, o Advento, principalmente os dois primeiros domingos, nos prepara para a segunda vinda gloriosa de Jesus, depois entraremos na expectativa maior pela primeira vinda que já aconteceu, em vista do seu nascimento celebrado no próximo dia 25 de dezembro.

Por isso, entremos no clima do Advento, justamente nessa característica principal, no estado que o Senhor nos convida da vigilância aos sinais que acompanham o tempo presente.

Mas, ao mesmo tempo que nos colocamos diante da situação de sabermos que o Senhor pode voltar a qualquer momento há um fio condutor que liga um ano litúrgico ao outro, pois não fechamos um calendário e abrimos outro, celebramos constantemente neste mundo, o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor. E por meio da liturgia da palavra, compreendemos bem o que a Igreja nos preparou a cada ciclo anual.

Hoje entramos no evangelho segundo Mateus, o ciclo do ano A. Há três ciclos A, B e C, ao longo do domingo dia do Senhor, mas também a Igreja prepara um banquete da palavra que nos é servida durante a semana. Em um ciclo que chamamos durante o ano, de ano par e ímpar, sempre com o evangelho semanal. Dessa forma em 3 anos, se acompanharmos a liturgia semanal, a liturgia dominical, lemos toda a sagrada escritura. E alguns textos mais de uma, duas, três ou mais vezes.

Durante esse período em que celebramos o mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor, durante um ano, contado no nosso calendário civil, temos a possibilidade desse aprofundamento no evangelho segundo Mateus. Logo percebemos o modo como o evangelista quis preparar o coração dos cristãos, em vista da sua vinda gloriosa.

De fato, o Senhor já estava entre os discípulos, mas é preciso perceber que Ele viria uma segunda vez. Conforme o ensinamento precioso da Santa Igreja, na primeira vez, o Senhor veio revestido da nossa fragilidade humana, na segunda vez Ele virá revestido da glória, para julgar os vivos e os mortos. Na primeira vez veio abrir um caminho de misericórdia para corações que pudessem reconhecê-Lo como Senhor, na segunda vez, virá para que também em nós exerça-se a justiça de Deus.

            É assim, meus irmãos e irmãs, que nos preparamos para a segunda vinda gloriosa do Senhor, certos de que Ele já veio, mas virá como professamos pela fé: para julgar os vivos e os mortos.

Hoje cantávamos no salmo responsorial que essa deveria ser a razão da nossa alegria, de irmos ao encontro do Senhor, todo domingo: “que alegria quando me disseram, vamos à casa do Senhor”. Na semana passada, na Solenidade de Cristo Rei, era o mesmo salmo responsorial: “quanta alegria e felicidade, vamos à casa do Senhor”.

Hoje o salmo é bastante denso, para mostrar justamente a alegria daqueles que querem se encontrar com Cristo, e somos esse grupo, que queremos nos encontrar todo domingo com o Senhor, para nos revestirmos de uma alegria que não passa. Para nos revestirmos de um estado de vigilância constante, principalmente para nos revestirmos de uma virtude, a virtude da Esperança.

É claro que as virtudes da fé e da caridade são de suma importância para nossa vida cristã, mas no tempo do advento a virtude a ser cultivada é da Esperança. A coroa do Advento com os ramos verdes, simbolizam essa virtude que buscamos. Temos algumas esperanças até bem fundadas nesse mundo. Esperamos, por exemplo, tempos melhores, quem sabe uma pandemia que passe, esperamos também por um mundo melhor, por um país melhor, por uma cidade cada vez melhor, mas tudo isso está em vista de uma grande espera, nossa espera é pelo Cristo que virá. E razão da nossa vida, essa esperança não nos decepciona.

Pode ser que fiquemos decepcionados porque sofremos com uma pandemia no tempo presente, pode ser que fiquemos decepcionados também, porque não estamos no país que desejamos ou que não habitamos a cidade que gostaríamos que fosse. Talvez até fiquemos tristes por que, quem sabe, esperamos por exemplo que o time ganhe, as vezes isso não acontece, esperamos por exemplo, agora em tempos de copa do mundo que o Brasil possa, de novo, criar um caminho para trazer uma alegria para o povo brasileiro. Não é essa a nossa esperança, a nossa esperança é o Cristo, a nossa esperança é o Senhor que se revestiu de luz no seu natal, e que resplandeceu com uma luz que nunca passa na sua páscoa.

A profecia de Isaías, hoje na primeira leitura diz: vinde, para a luz que é do Senhor, para a luz que é de Cristo, a mesma luz também deve ser abraçada para aqueles que despertados do sono, agora mais conscientes de que é preciso preparar o coração para o Advento do Senhor.

São Paulo quando escreveu aos Romanos nessa condição: vós sabeis em que tempo estamos, já é hora de despertar, estamos mais próximos da salvação do que quando abraçamos a fé. A noite já está adiantada, o dia está próximo. O que é preciso fazer então? Despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da Luz.            Que grande arma da luz encontramos diante do Senhor que nos reveste de uma luz, que resplandece também em nós. Por isso, São Paulo termina dizendo: revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.

É essa nossa missão, razão da nossa esperança, revestirmo-nos de Cristo, dos seus sentimentos, das suas ações, e celebrarmos com esperança um tempo que Ele já veio, mas na expectativa de que Ele virá para realizar em plenitude, os bens prometidos, que hoje vigilantes esperamos.  Esse é o texto do prefácio da missa de hoje, para estarmos vigilantes e em oração.

            Que o Senhor nos ajude, que esse tempo do advento seja muito proveitoso. Não precisamos ter medo do Advento do Senhor, da segunda vinda gloriosa, é isso que cremos, e aliás, é isso que pedimos.

Depois com a liturgia eucarística, prestem atenção, às vezes que se faz referência àquele pedido ao Senhor que deve vir ao nosso encontro.  Há um momento em que pedimos: anunciamos Senhor a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição, vinde Senhor Jesus. Pedimos que o Senhor venha logo.

Há o momento na própria oração eucarística número 3, que será usada hoje, há uma oração que completa a nossa oração do Pai Nosso, que insistimos que o Senhor venha ao nosso encontro. Portanto, eis o nosso pedido nesse tempo do advento, vinde Senhor Jesus, não tardeis, vinde em nosso socorro, em nossas necessidades, nos encontrar em vigilância e oração.

Escrito por: Pe. Maurício