HOMILIA DO 4º DOMINGO DA PÁSCOA 07/05/2017

                Uma das imagens bíblicas mais bonitas que encontramos é a imagem de Jesus como o Bom Pastor. Portanto, a relação que existe entre aquele que é o verdadeiro Pastor Jesus com suas ovelhas.

                Talvez para muitos de nós esta imagem e relação seja um pouco distante, já que nos encontramos num ambiente completamente urbano e nos distanciamos também da imagem apresentada hoje no Evangelho.

                Imagem muito apropriada para o tempo de Jesus e que continua sendo apropriada, mesmo distante daquilo que consideramos realmente importante na relação que se estabelece entre alguém que é pastor e aquelas ovelhas que seguem o pastor.

                Prestemos um pouco mais de atenção, ao que Jesus hoje nos revela. E Ele vem dizer que a relação existente entre Ele e as ovelhas tem um único caminho. Na verdade, trata-se de uma relação amorosa de Deus para conosco, mas esta relação amorosa precisa ser reconhecida pelas ovelhas.

                É assim que caminhamos numa relação muito apropriada na busca de escutar a voz do pastor. Eis o que Jesus diz: “Eu sou a voz!” A voz reconhecida pelas ovelhas, é voz seguida. Portanto, em primeiro lugar, somos convidados a ouvir a voz do próprio Cristo e se não aprendemos a ouvi-lo, nas várias direções que temos na nossa vida, dificilmente seguiremos a Ele.

                Há muitas vozes que se encontram neste mundo, vozes até que nos levam para caminhos distantes de Deus. E Jesus vem nos dizer que uma verdadeira relação, entre pastor e ovelhas, vem pela relação do seguimento da voz. Elas, as ovelhas, reconhecem a voz do pastor e seguem este pastor e se existem vozes estranhas, eles não as seguem.

Vejam que se não sabemos reconhecer a voz de Cristo neste mundo, corremos um risco. O risco está em seguirmos as vozes estranhas e há vozes de pastores que na verdade não condizem com a voz do pastor verdadeiro que é Jesus. Se não reconhecemos a voz do Cristo como o Cordeiro verdadeiro, como o Cordeiro que por nós nasceu e  ressuscitou podemos seguir vozes de lobos.

                Temos uma tendência de seguir vozes estranhas e muitas vezes vozes do lobo, que vem devorar a semente da Fé lançada no coração. Tomemos cuidado, há pastores que se vestem de lobo neste mundo e até se disfarçam com rosto de ovelhas ou de cordeiros, mas na verdade nos enganam, nos levam para a perdição.

E o que Jesus está dizendo: “Eu sou a porta das ovelhas!” Jesus deixa claro: “Eu sou o único caminho”, não há outros caminhos, não nos enganemos.

Há vozes distorcidas pelo mundo, precisamos seguir uma única voz, não a voz do padre, não a voz do bispo, por mais que o padre, o bispo, um cristão, também está convidado a ser neste mundo bom pastor, mas temos que seguir a voz do Cristo. Porque assim nunca nos enganamos, é a voz do Pastor que aparece no testemunho de um sacerdote; que aparece no testemunho de um cristão; que aparece neste mundo como uma voz verdadeira que nos conduz para o Cristo. Se esta voz nos conduz para Cristo como Bom Pastor, esta voz é verdadeira. Contudo se nos leva a situações distorcidas, tomemos cuidado. A voz do Pastor é a voz daquele que cuida das suas ovelhas.

                Este cuidado do Pastor é um cuidado amoroso. Mas, acontece muitas vezes que mesmo perdendo esta voz do Pastor, Jesus continua a nos amar da mesma forma. Algumas situações até nos levam a que também nos encontremos feridos no mundo. Na relação que existe entre um pastor e uma ovelha, não estou agora a me referir a Jesus, existe também esta relação. Quando o pastor encontra aquela ovelha perdida, sabe o que ele faz? Ele quebra umas das pernas das ovelhas como se dissesse: “Daqui de perto você não sai mais”.

                Às vezes também quebramos a nossa perna para permanecer em Deus. Não é Deus que as quebra, porque Ele não tem essa relação trágica conosco, porque não é um Deus que vem a nos ferir. Mas existem situações da vida que ferem o nosso coração. Sabem por quê? Para manter o nosso coração mais perto de Deus.

Infelizmente se não procuramos a Deus pelo amor, pelo apaixonar-se por Jesus, às vezes o procuramos pela dor, que é fruto da nossa desobediência, porque procuramos outros redis, outras vozes, e aí muitas vezes somos feridos e voltamos, e está Jesus, o Bom Pastor a nos acolher, com um manto muito grande, maior inclusive que a casula do padre.

                A casula do padre carrega justamente este simbolismo, do Pastor que quer abrigar todas as suas ovelhas. Quando vocês enxergarem o padre adentrar junto com os ministros, representando aqui toda a comunidade na procissão de entrada, sintam-se carregados pelo padre, porque o padre precisa ser também um Bom Pastor.

                O Papa Francisco, numa de suas belíssimas catequeses, fala a respeito da importância do padre colocar sobre si uma casula, ele diz o seguinte: “O padre ao colocar esta casula traz consigo todo o seu povo, porque consigo ele carrega as ovelhas que estão próximas e distantes, mas traz para junto de si, enverga nos seus ombros, justamente aquelas ovelhas que estão sobre os seus cuidados”.

                Aí está o manto e o desejo de Jesus de ser um Bom Pastor, Ele quer nos proteger e nos protege, com o manto da justiça, da paz, com o manto daquele que quer manter-nos por perto. Estejamos perto do Senhor, Ele é o único meio de Salvação, o nosso único Pastor que nos conduz para a eternidade. Amém!

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 19:00h do dia 06/05/2017. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original

Escrito por: Pe. Maurício