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Mt 17, 1-9

1Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha.

2Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura.

3E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele.

4Pedro tomou então a palavra e disse-lhe: Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias. Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição; ouvi-o.

6Ouvindo esta voz, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram medo.

7Mas Jesus aproximou-se deles e tocou-os, dizendo: Levantai-vos e não temais.

8Eles levantaram os olhos e não viram mais ninguém, senão unicamente Jesus.

9E, quando desciam, Jesus lhes fez esta proibição: Não conteis a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.


HOMILIA DA TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

“Senhor, é bom ficarmos aqui. Se queres, vou fazer três tendas: uma para Ti, outra para Moisés, e outra para Elias.”

                O grande pedido feito por Simão Pedro a Jesus acontece atualmente no Monte Tabor, o monte da Transfiguração. A Igreja lá construída consta de três elementos importantes ou três tendas para fazer uma referência ao pedido de Pedro.

                Contudo, não precisamos nos reportar àquela Igreja do Monte Tabor, pois em cada Igreja Católica houve uma preocupação em que pudéssemos visualizar e até experimentar a presença de Deus por meio destas três tendas. É possível até mesmo visualizá-las aqui no nosso Santuário, quando percebemos que há uma tenda ou um local especial preparado para Jesus, o Altar do Sacrifício. Há um lugar preparado para termos uma referência a Palavra de Deus. Portanto, Moisés, a tenda do ambão, da Palavra que acabamos de proclamar e agora estamos a refletir. Há também outro sinal visível da tenda de Elias e, por ocasião do Concílio Vaticano II, esta tenda tornou-se ainda mais visível, recomendando que haja em cada Igreja uma sede presidencial. Não para que o padre sinta-se o mais importante, mas para que seja visível na Igreja o sinal e a vida do sacerdote que preside cada Eucaristia e cada celebração.

             Por isso de modo muito especial, em cada momento em que celebramos a Santa Eucaristia, em nós acontece aquele pedido feito por Simão Pedro: “Senhor, como é bom estarmos no Monte Tabor. Se queres, façamos estas três tendas...” E o que experimentou Simão Pedro naquele monte juntamente com outros dois amigos? Deus em plenitude. Se temos a possibilidade ou se não temos podemos fazer depois, podemos visualizar o quadro que temos aqui no Santuário, uma imagem que mostra o momento da Transfiguração. Portanto, diante de três testemunhas oculares escolhidas por Jesus, Ele se transfigura e aparece Moisés e Elias.

                O que significa “transfigurar-se”? Significa mudar de aparência! Até então, os discípulos estavam acostumados com Jesus, mas a visibilidade de Jesus estava no aspecto humano. Este aspecto é muito importante, é uma das dimensões do Verbo encarnado no meio de nós, portanto, dimensão do Cristo humano que está presente e que agora anuncia um novo Reino. Mas, estes três que foram escolhidos puderam contemplar face a face o outro rosto de Jesus. Que rosto é esse? O rosto Divino, o aspecto humano e o aspecto divino. Encontramos as duas naturezas de Jesus, e Ele assim se revela para nós plenamente, tão humano e, na verdade, revela-se com toda a dimensão do ser divino.

                É por isso que há uma mudança de aparência e os discípulos assim puderam ver Deus face a face. Particularmente gosto de relembrar a todos que este grande desejo do ser humano de ver Deus face a face só foi realizado neste mundo por estes três. Nós continuamos insistindo no mundo e queremos realmente ver o rosto do Cristo ressuscitado, transfigurado, mas procuramos sob o véu do sacramento.

E é evidente, há uma presença real de Jesus na Palavra de Deus; há uma presença real de Jesus por meio do sacerdote; há uma presença real de Jesus na assembleia que congrega e está unida no momento da Eucaristia; há uma presença real de Jesus na Santa Eucaristia, mas sempre sob o véu sacramental.

Estes três não precisaram do véu do sacramento, porque eles viram Deus face a face. A nenhum outro ser humano, se não a estes, foi dada esta possibilidade, nem a Moisés, nem a Elias, grandes profetas do antigo testamento.

                Se lembrarmos um pouco da liturgia semanal, da semana passada e da outra semana, encontrávamos ali o relato do encontro de Deus com Moisés e o povo de Israel. Há  um relato, em que Moisés até subia para o monte para conversar com Deus. Mas de tal forma, que não conseguia ver a Deus, o rosto estava de lado, porque não podia ver Deus face a face.

Mas, ele tinha um grande desejo e, este desejo se concretiza no dia da Transfiguração. É impressionante perceber porque aparecem Moisés e Elias. Estes dois símbolos aqui do Antigo Testamento, desejavam muito contemplar o rosto divino de Deus neste mundo. Então, por que não aproveitar a oportunidade e já que Jesus se transfigura, mostra o rosto divino, eles aparecem, e aparecem de tal forma que se encontram numa dimensão de luz tão grande pois estão na presença real de Deus.

                Este encontro com Jesus transfigurado e ressuscitado faz com que Pedro tome a palavra e faça este pedido, como muitas vezes experimentamos neste mundo, como é bom participarmos de uma boa e uma santa liturgia. E às vezes até experimentamos isto no coração: “Senhor, é tão bom ficarmos aqui, que tal permanecermos sempre nestas tendas?”

Contudo, Jesus,  volta-se para Pedro e também para nós e na descida do Monte Tabor, Ele indica o verdadeiro caminho que encontraremos ao descer deste monte, dizendo-nos que não é possível permanecermos sempre numa visão beatífica de Deus, mas é possível sim que por meio deste encontro com Jesus  tenhamos a força para enfrentar, como Jesus enfrentou a Cruz, os sofrimentos, a perseguição e até a morte.

               Por isso a Cruz, perseguição e morte, não indicam o fim, mas indicam que descendo do Monte Tabor, enfrentaremos todas estas situações porque lá nos encontramos com Jesus Ressuscitado, como encontraram também, João, Tiago e Pedro.

               Valeria a pena lermos, e aqui fica a última indicativa para nossa semana, o texto da segunda leitura de hoje, é uma carta atribuída a São Pedro. Ele mesmo escreveu falando a respeito deste acontecimento.

               Diz São Pedro: “Não foi seguindo fábulas habilmente inventadas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas sim, por sermos testemunhas oculares de sua majestade. Efetivamente, ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando do seio da esplendida glória se fez ouvir aquela voz que dizia: Este é meu Filho bem-amado, no qual ponho o meu bem-querer. Esta voz a ouvimos vinda do céu, quando estávamos com Ele no monte santo. E assim se tornou ainda mais firme a palavra da profecia, que fazeis bem em ter diante dos olhos, como lâmpada que brilha em lugar escuro, até clarear o dia e levantar-se a estrela da manhã em nossos corações”.

               Enquanto peregrinamos neste mundo, precisamos desta luz, enquanto estamos a enfrentar tantas situações no mundo, precisamos experimentar a luz verdadeira do Cristo Ressuscitado.

           Que o testemunho de São Pedro e  que o Amor que a Igreja atribui a estas três tendas indicadas para nós, possam servir como sinal de pertença a Deus e sobretudo experimentarmos o rosto do Cristo transfigurado, ressuscitado por todos nós. 

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 10:30h do dia 06/08/2017. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original

Escrito por: Pe. Maurício